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SP-Arte registra boas vendas em edição digital

Feira conseguiu alavancar comércio de obras em plena pandemia e na recessão

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Realizada pela primeira vez online, a SP-Arte, maior feira de arte da América Latina, atraiu em cinco dias 56 mil visitantes, segundo a fundadora e diretora do evento, Fernanda Feitosa. Cerca de 15% desse público foi formado por estrangeiros. A primeira edição do SP-Arte Viewing Room, que terminou no domingo e aconteceu em uma plataforma hospedada no site da Feira, reuniu 136 expositores entre galerias de arte, lojas de design, editoras e projetos artísticos independentes. Só nas primeiras 24 horas de funcionamento da feira virtual, 1.500 europeus e 470 latinos acessaram o site da SP-Arte. Vários negócios foram fechados com colecionadores de países estrangeiros, entre eles Austrália, EUA e Suíça, segundo Feitosa.

No mercado interno foi registrado um crescimento no número de clientes que acessaram pela primeira vez o site da feira – e 40 deleseram de regiões fora do eixo Rio-São Paulo, o que atesta a carência de galerias, museus e outras instituições ligadas à arte nesses lugares. “Um galerista me disse que ele vendeu obras de arte para o Piauí pela primeira vez”, comenta Fernanda Feitosa. A descentralização geográfica é um fator de renovação do mercado que foi impulsionada pelo ambiente digital, atesta a diretora da SP-Arte. Entre esses 56 mil visitantes do site da SP-Arte estão potenciais colecionadores, que viram nos cinco dias da feira algo em torno de 3.600 obras de 1.100 artistas.

Escultura de Tunga vendida pela galeria A|lmeida & Dale Foto: Galeria Almeida & Dale

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A feira ainda não contabilizou o montante de obras vendidas pelas galerias, mas é difícil que chegue ao patamar da última edição física da feira SP-Arte, realizada em 2019 e que registrou R$ 40 milhões em vendas. Este ano, devido à pandemia e ao quadro de recessão provocado pela quarentena, foram vendidas obras de valor médio (isto é, de valores inferiores a R$ 1 milhão), embora algumas galerias, como a Pinakotheke, tenham comercializado peças de modernistas como Di Cavalcanti, que facilmente ultrapassam esse valor. 

O marchand Antonio Almeida, sócio da Galeria Almeida &Dale, registrou vendas de importantes artistas (Volpi, Tunga e Leonilson) e viu a procura por obras de nomes consagrados crescer durante a feira. “Muitas das pessoas que entraram em contato com a galeria por meio do site da SP-Arte, eu diria 80%, nunca tinham acessado digitalmente nosso acervo”, conta. Esse público queria, no entanto, ver as obras ao vivo – e a galeria marcava visitas presenciais para interessados (empeças de Antonio Dias, Rubem Valentim e Cícero Dias, entre outros).

Também a venda de contemporâneos teve um bom desempenho. Foram vendidos por meio da plataforma digital obras de Tunga (Galeria Steiner), Jorge Guinle (Galeria Simões de Assis)e Alex Cerveny (Casa Triângulo), entre outros. A média de vendas não ultrapassou cinco obras por galeria. Segundo Guilherme Simões de Assis, sua galeria vendeu três obras durante a SP-Arte, uma delas a tela A Flauta Mágica (1986), de Jorge Guinle, para um colecionador de Santa Catarina. O preço de uma tela do artista desse período oscila entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Foi, claro, uma edição atípica, mas, de maneira geral, feiras virtuais não nutrem grandes expectativas de vendas de peças de alto valor. A maioria das galerias manteve seus espaços físicos abertos durante a feira para visitação, caso de Simões de Assis.

Simões de Assis vendeu a tela 'A Flauta Mágica' (1986), de Jorge Guinle Foto: Simões de Assis Galeria

Poucos foram os colecionadores estrangeiros a entrar no site que fizeram aquisições significativas, mas a feira, conclui sua criadora, “ajudou a movimentar o mercado de arte e a gerar oportunidades de negócios para os expositores”. E, conclui Feitosa, a criar novas formas de apresentar as obras, citando um post da Galeria Millan com o pintor Paulo Pasta explicando ao público as pinturas da série As Passagens, que ele mostrou pela primeira vez na SP-Arte e que será exibida no fim do ano em mostra do MAM do Rio.

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