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SP-Arte começa com 140 galerias e superastros

Feira abre nesta quarta-feira, 8, rodeada de incertezas

Por Camila Molina
Atualização:

No ano passado, o mercado de arte mundial movimentou51 bilhões – cerca de R$ 173 bilhões –, segundo relatório da especialista Clare McAndrew para a The European Fine Art Foundation (Tefaf). Segundo o estudo, apresentado em março, o montante representou um acréscimo de 7% de compra e venda de obras de arte em relação a 2013, mas no Brasil, a economia se retrai, em diversos setores. “É a primeira vez que começamos a feira em um cenário de dúvida”, diz Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, que será inaugurada na quarta, 8, no Pavilhão da Bienal com a participação de 140 galerias, de 17 países. O “humor” nacional está, diz a advogada, diferente de anos anteriores.

Em 2014, a SP-Arte registrou cerca de R$ 250 milhões em negócios. “Temos um mercado interno que dá conta”, afirma, otimista, Fernanda, que abriu a primeira edição da feira paulistana em 2005. Desde então, o evento, que começou com 41 galerias, foi ocupando, ano a ano, uma área maior do edifício da Bienal até se espalhar, de fato, por todo o prédio, como ocorre agora. Do térreo ao terceiro andar do pavilhão – já alugado para abrigar a SP-Arte até 2020 –, aproximadamente mais de 2,8 mil criações artísticas poderão ser vistas, até domingo, 12, pelo público.

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Entretanto, em relação ao número de galerias expositoras, o crescimento da SP-Arte foi pequeno de 2014 para 2015. A feira terá apenas quatro novos participantes, entre eles, a sul-africana Goodman Gallery, da Cidade do Cabo. O evento segue seu perfil “competitivo”, estabelecido, especialmente, desde a edição de 2013, marcada pela chegada maciça de expositores estrangeiros de peso. David Zwirner, Gagosian e Marian Goodman Gallery, de Nova York, mantiveram participações, assim como a Lisson, de Londres – sem mencionar a britânica White Cube, que criou, em 2012, uma filial em São Paulo onde já apresentou, por exemplo, individual de Damien Hirst, um dos mais valorizados artistas contemporâneos, e hoje inaugura exposição de pinturas do consagrado alemão Anselm Kiefer.

“De fato, a feira deu um salto para a Europa”, analisa Fernanda Feitosa sobre a presença, este ano, de 57 galerias de países como Alemanha, Áustria, Espanha e Portugal, por exemplo, ante 83 brasileiras. “A SP-Arte nunca teve uma pegada latino-americana”, define, ainda, a diretora do evento. Segundo ela, o Brasil tem, dentro da América Latina, custo de vida mais caro, assim como as obras brasileiras têm preços mais altos que as dos países do continente. “O mercado brasileiro tem uma profissionalização maior que os vizinhos”, considera também a advogada. Outra característica apontada por Fernanda é a representação já expressiva de “artistas seminais latino-americanos” por galeristas como as paulistanas Luisa Strina e Luciana Brito.

Este ano, a SP-Arte 2015, orçada em R$ 5,7 millhões (do montante, R$ 1,5 milhão já foi captado via Lei Rouanet), aposta em programas curatoriais estritamente expositivos. O projeto Open Plan, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, apresenta, principalmente no último piso, instalações de Rochelle Costi – que exibe Residência-Escada no vão entre os pavimentos do pavilhão – e do francês Daniel Buren, entre outros. Já o projeto Solo é formado por mostras individuais de criadores como Wilfredo Prieto, Mario Cravo Junior e Montez Magno selecionados por Rodrigo Moura e María Inéz Rodríguez. Por fim, o setor Performance, concebido por Marcos Gallon e Juliana Moraes, homenageia o norte-americano James Lee Byars (1932-1997).

NÚMEROS

250 

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milhões de reais foi a movimentação na SP-Arte 2014

5,7 

milhões de reais é o orçamento do evento para 2015

57 

galerias estrangeiras participam 

5

mil a 500 mil reais é a faixa de preço das obras à venda

Galeristas comentam suas expectativas para edição

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Alta do dólar pode favorecer compradores estrangeiros, mas levar brasileiros a investir nos clássicos modernos

No ano passado, galeristas como André Millan, que voltou a representar o brasileiro Tunga, desconfiavam de que a “agressividade” promovida pela participação crescente de grandes galerias estrangeiras na SP-Arte pudesse estimular apenas relações comerciais pontuais e não “projetos a longo prazo”. Por outro lado, para o marchand paulista Paulo Kuczynski, são justamente os expositores de outros países que correm o risco de serem os mais atingidos pelo clima atual de retração da economia brasileira – e pela alta do dólar.

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“É claro que está todo mundo incerto sobre o futuro, mas ninguém perdeu dinheiro. Não estamos falando de uma crise como a de 2008, que foi um impacto para todos”, afirma Márcia Fortes, sócia-proprietária da Galeria Fortes Vilaça, uma das principais de São Paulo.

“O mercado dos EUA e o europeu estão superaquecidos e o dólar alto acaba favorecendo os compradores estrangeiros”, continua a galerista, explicando que há uma quantidade expressiva de colecionadores de fora interessados em arte brasileira desde os últimos 20 anos. Indagada sobre os destaques de sua galeria na SP-Arte 2015, Márcia contou que criadores de uma nova geração, como Rodrigo Cass e Cristiano Lenhardt, terão presença marcante.

Já Kuczynski aposta nos “clássicos” – que não sofrem interferência de modismos, diz – como oferta de “investimento seguro” em momento de contenção econômica. “Volpi continuará sendo um dos maiores artistas brasileiros do século 20”, define o marchand, que apresentará obras de Di Cavalcanti e Brecheret, entre outras, pertencentes a coleções do Rio e de São Paulo no estande de seu escritório de arte.

Para estimular as vendas, a diretora da feira, Fernanda Feitosa, conta que mais uma vez compradores paulistas e estrangeiros terão isenção de 18% de ICMS em suas aquisições no evento, uma medida do decreto assinado com a Secretaria da Fazenda do governo do Estado de São Paulo. / C.M.

SP-ARTE

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Pavilhão da Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº. 5ª a sáb., 13 h/21 h; dom., 11 h/ 19 h. R$ 40. Até 12/4. Abertura nesta quarta, 8, para convidados 

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