SP-Arte chega ao fim com preferência por obras mais em conta

Apesar de reservadas, obras multimilionárias da feira, como dois quadros de Tarsila do Amaral, ainda não foram vendidas

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Por Pedro Rocha
Atualização:

Se nos primeiros dias da SP-Arte 2018 o clima era positivo entre os galeristas, no encerramento, no domingo, 15, já era de comemoração total, pelo menos para a maioria. Próximo das 19h, horário de fechamento da feira, muitos já brindavam, literalmente, aos bons resultados. 

Apesar de muitas reservas, como as dos dois quadros de Tarsila do Amaral levados à feira, nos valores de 17 e 15 milhões, as obras com os maiores preços não tiveram grande destaque. O público, de milhares de pessoas por dia, preferiu levar mais, por menos - apesar de ainda não ter um número fechado, os organizadores estimam um aumento de 10% no número de visitantes em comparação ao ano passado, que foi de 30 mil pessoas.

Obra 'Futebol' (2001), de Nelson Leirner, foi vendida por um milhão de reais na SP-Arte 2018. Foto: Ênio César para SP-Arte/2018

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Nem todos os galeristas gostam de revelar preços. Dentre os que toparam revelar os números ao Estado, a maior venda realizada até o final do evento - muitas negociações acontecem ainda nos dias pós-feira - foi Futebol (2001), de Nelson Leirner, na galeria Pinakotheke, adquirida pela Fundação Marcos Amaro por um milhão de reais. Leiner, inclusive, foi destaque em vendas também nas galerias Silvia Cintra e Colecionador Escritório de Arte. 

Outro grande nome da feira este ano foi o baiano Rubem Valentim, que em novembro deve ganhar uma exposição no Masp. Só na galeria soteropolitana de Paulo Darzé, foram vendidas 22 obras do artista, com preços entre 60 e 450 mil reais. “O público teve uma preferência principalmente por obras dos anos 70”, revela Paulo. As mais caras eram as da década anterior. Quadros de Valentim tiveram boas saídas ainda nas galerias Almeida e Dale e Ronie Mesquita. 

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Consultados ao final do evento, a maior parte dos galeristas foi otimista em comparação com 2017. “Ainda não fechamos a conta, mas já foi melhor que o ano passado”, garante Alexandre Gabriel, da Fortes D’Aloia e Gabriel. O galerista Ricardo Camargo também comemorou bons resultados, com a venda de oito obras de artistas grandes, como um par de aquarelas de Portinari (por 250 mil reais). Houveram algumas exceções, porém. A cubana Continua definiu a feira deste ano como “difícil”, enquanto a uruguaia Sur se queixou do “mercado lento”.

Outra internacional, a alemã neugerriemschneider, não teve do que reclamar. Apesar de não querer falar em números, afirmou ter vendido “algumas” obras, como da brasileira Renata Lucas e do chinês Ai Weiwei. A galeria Nóbrega, aliás, também comemorou vendas de Weiwei. Cerca de 40 reproduções da obra F.O.D.A. foram adquiridas durante o evento. 

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Para a paulista Bergamin & Gomide, o clima também foi de comemoração. Já na prévia da feira, na quarta-feira, 11, foram vendidas todas as obras que estavam à mostra no estande, gerando um total de 4,8 milhões de reais. “Tivemos que trocar algumas obras no estande para os dias seguintes”, revelou a proprietária, Antonia Bergamin. Artistas como Mira Schendel, Leon Ferrari e Tunga foram alguns destaques na galeria. A Galeria Estação também precisou renovar o estoque, por conta da alta demanda dos objetos do paulista Júlio Villani.

Obra de Roy Lichtenstein que esteve à venda na SP-Arte 2018. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Pop Art. Entre os artistas internacionais, um dos maiores valores veio do norte-americano Roy Lichtenstein. Um papel de parede produzido em série pelo artista foi vendido por 450 mil reais pela galeria Frente. Em sua estreia na SP-Arte, a galeria Houssein Jarouche, a única do evento especializada em pop art, colheu bons resultados, com a venda de uma gravura de Andy Warhol, por 260 mil reais, e uma obra de Banksy, por 160 mil. 

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A iniciativa de levar para a feira a fotógrafa alemã Ellen von Unwerth rendeu bons frutos para a galeria Mario Cohen, que conseguiu vender algumas obras da artista por valores entre 27 e 83 mil reais durante a feira. Fotógrafo e galerista, Gabriel Wickbold também comemorou - vendeu 10 fotografias suas e mais duas obras de outros artistas. Duas das suas, inclusive, atingiram o valor máximo, de 65 mil reais. “Por estarmos na entrada, tivemos um trabalho de comunicação maior com o público, percebemos que eles ficavam encantados”, afirma o artista. 

Já no setor de design, as obras de maior destaque, uma cadeira de Salvador Dalí (de 366 mil reais) e duas de Antonio Gaudí (de 134 e 230 mil reais), deixaram a feira sem serem vendidas. A galeria responsável, Micasa Vol B, porém, comemorou o fato de ter usado as obras como chamariz, tendo feito boas vendas de produtos mais acessíveis.Estrangeiros atingem valores de seis dígitos Os setores Geral e Repertório, situados no segundo andar do pavilhão, eram os que geraram algumas das grandes transações da feira. Dividindo os corredores principais, havia lado a lado galerias como neugerriemschneider - com Ai Weiwei, Olafur Eliasson e Andreas Eriksson -, David Zwirner - de Wolfgang Tillmans, Dan Flavin e Donald Judd -, Continua - de Michelangelo Pistoletto - e a brasileira Luisa Strina, todas focos dos colecionadores que poderiam gastar em trabalhos, em reais, com mais de seis dígitos. Mais isolados, no Repertório, destacavam-se a gigante Marian Goodman, com peças de Christian Boltanski, e nacionais, como a Almeida e Dale, exibindo Ione Saldanha./MARIO GIOIA

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