PUBLICIDADE

Sobre grandes clássicos e a vida sexual

Autores discutiram obras do cânone, mas foi Bruna Surfistinha quem roubou atenção na terça

Por Roberta Pennafort
Atualização:

A programação do Café Literário de terça expôs algumas das faces da Bienal. Às 18 horas, a discussão girou em torno dos livros clássicos e sua importância na vida dos leitores; duas horas depois, o assunto era sexo. Enquanto na primeira sessão a conversa foi entre o diplomata e acadêmico Sergio Paulo Rouanet, o bibliófilo Hariberto de Miranda Jordão e o jornalista Sérgio Augusto, a estrela da segunda (bem mais cheia) foi a ex-garota de programa Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, que atraiu olhares curiosos (também falaram a consultora Gisele Rao e a escritora Márcia Frazão). A questão central da sessão inicial foi: o que faz de um livro um clássico? A conclusão: clássico é aquele livro de que você gosta. Rouanet pontuou que, a rigor, clássico é aquele livro lido em classe, na escola, de forma compulsória. O que contribui para o fato de eles serem considerados chatos por muitos. ''''Lembro de como achei A Moreninha absolutamente insuportável. Até hoje tenho dificuldade'''', disse. Sérgio Augusto, colunista do Estado, também ficou marcado pela obra de Joaquim Manuel de Macedo. ''''Eu ia a uma fazenda que só tinha esse livro. Foi o que mais li por obrigação. Tenho PhD na Moreninha'''', brincou. O advogado Jordão também teve um trauma: A Dialética do Conhecimento, de Caio Prado Junior, que teve de ler várias vezes, por falta de opção. E os livros, tendem a virar peças de museu? Apaixonados por eles , os três duvidam que um dia isso possa acontecer. ''''Existe uma relação de fetichismo com o livro'''', justificou Rouanet, que, como Jordão, comparou o folhear de uma bela edição a carícias em uma mulher. Exibindo uma tatuagem nova no antebraço que diz ''''Vini, Vidi, Vinci'''' (''''Vim, vi e venci'''', a declaração de Júlio César), Raquel Pacheco falou numa sessão proibida para menores. A autora de O Doce Veneno do Escorpião e O que Aprendi com Bruna Surfistinha (Panda Books) - em que narra histórias sexuais e um pouco de sua ''''trajetória'''' - explicou que seu objetivo é melhorar a vida conjugal de casais, que poderão se inspirar nela e ''''sair da rotina''''. Mais cedo, ela havia sido cercada por crianças e adolescentes no estande da livraria Laselva, onde autografou seus livros. Alguns alunos de escolas e até funcionários de outros estandes se aglomeraram para vê-la e fotografá-la. ''''Eu não esperava tanta gente, não entendo porque as crianças vêm atrás de mim. Fico pensando: ''''o que foi que eu fiz para isso acontecer?''''.'''' Os adolescentes, arrisca, identificam-se com ela por seu histórico de garota rebelde. Foi o que cativou Priscila Costa, de 16 anos. ''''Ela me ajudou com o livro, porque eu tenho problemas com meus pais. É uma fofa, sou louca por ela!'''', dizia, esperando sua vez na fila, com lágrimas nos olhos e mãos trêmulas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.