PUBLICIDADE

Simone, A Verdadeira Filósofa

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Ao longo de seus 78 anos de vida, Simone de Beauvoir participou de tantos acontecimentos marcantes que, para narrá-los em livro, necessitou de quatro volumes. Nascida em Paris, em 1908, ela sempre foi incentivada a escrever pelos pais, que a estimulavam o desejo de conquistar o mundo através do tempo e do espaço. Em 1929, conheceu, na Sorbonne, Jean-Paul Sartre, que ficara impressionado com a beleza, a inteligência e a voz rouca de Simone. Quando os dois prestaram o exame final de filosofia, Sartre tirou o primeiro lugar e Simone o segundo, mas os membros da banca estavam convencidos de que "a verdadeira filósofa era ela". Iniciaram um relacionamento no qual a monogamia e a mentira não tinham lugar. Sartre acreditava que acima de serem amantes, eram escritores, portanto, necessitados de conhecer a alma humana a fundo, somando experiências individuais que deveriam ser contadas, um ao outro, nos mínimos detalhes. Em 1943, Simone lançou seu primeiro livro, o romance A Convidada, e, no ano seguinte, o ensaio Pirro e Cinéias, no qual sustenta que, na ausência de um Deus que garanta a moralidade, cabe ao indivíduo criar laços com seus pares por meio de ações éticas. Eram os vestígios da doutrina existencialista. Em 1949, publicou os dois volumes de O Segundo Sexo que, ao falar sobre o corpo da mulher e a sexualidade feminina, causou grande escândalo. Também depois da guerra, ao lado de Sartre e Merleau-Ponty, fundou Les Temps Modernes, uma das maiores arenas do debate político e social. Simone lançou no total 29 obras de diversos gêneros. Morreu em 1986, em Paris, e foi enterrada junto de Sartre. Frases para sempre Em seis décadas de vivência no palco, nos sets de filmagem e nos estúdios de televisão, Fernanda Montenegro colecionou personagens que a marcaram intimamente, a ponto de ainda hoje, mesmo passadas décadas, ela se lembrar de frases que dizia durante esses trabalhos. A pedido do Estado, a atriz selecionou algumas falas que ainda acompanham sua vivência: "A vida é dura, galera, e nela tenho remado muito." INTERESSES CRIADOS, DIREÇÃO DE ALBERTO D?AVERSA, EM 1957 "O trem de ferro é um coisa mecânica, mas atravessa a noite, a madrugada, o dia e, por fim, se reduz apenas a um sentimento." DONA DOIDA, UM INTERLÚDIO, DIRIGIDO POR NAUM ALVES DE SOUZA, EM 1987 "A gente demora muito para aprender." AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT, DIRIGIDO POR CELSO NUNES, EM 1982 "...Disse Vera, puta da vida." É..., DIRIGIDO POR PAULO JOSÉ, EM 1977. ("ESSA EXPRESSÃO DE EXASPERAÇÃO AINDA ME DIVERTE MUITO") "É demais, mamãe, é demais..." A MORATÓRIA, DIREÇÃO DE GIANNI RATTO, EM 1955. ("É UMA FRASE QUE TEM VALOR ESPECIAL PARA MIM, POIS, QUANDO ENFRENTO SITUAÇÕES DIFÍCEIS, REPITO ESSAS PALAVRAS, COMO SE FOSSEM UM MANTRA")

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.