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Seu Jorge na estrada com seu blues da favela

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Por Redação
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Após assistir Tropa de Elite, filme sobre o Bope que caiu na malha da pirataria antes de ser lançado, o governador do Rio, Sérgio Cabral, encanou em acelerar para antes da estréia do longa de José Padilha a implantação do projeto de terceirização da manutenção da frota policial, sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Governo. A licitação sairá em 15 dias, mas a implatação depende de ''''prazos formais''''. Tropa de Elite abre o Festival do Rio no dia 20. E entra no circuito em 12 de outubro. Jorge Mário da Silva está com disco novo. E vai cair na estrada pela primeira vez. América Brasil, produzido pela Cafuné, foi gravado num estúdio do Rio e será distribuído pela EMI. Amanhã é o batismo da turnê em Porto Alegre. Conte tudo de América Brasil... Não defendo estilo, então é difícil dizer o que toco. Quis fazer um disco doméstico. É música popular brasileira, blues da favela. Esse disco tem cuíca, pandeiro, é balanço, balanço violento. Basicamente tem instrumentos de samba que eram usados como Nene Brown, Pretinho, Miudinho e Quininho. São histórias geniais, homens do povão que viraram solução e não exclusão social. Conheci todos tocando com meu primo, o Dudu Nobre, e achei espetacular. Dois são da Serrinha, um de Padre Miguel, outro de Pilares. Os caras têm um jeito, uma alegria, um sorriso na cara! Já notou que o samba parece o único ritmo em que os músicos tocam felizes? Jazz é introspectivo, o clássico é interpretação, o rock atitude. Eles tocam com sotaque. Esses caras são uma boa parte do meu espírito na cena. Nos últimos anos, ganhei muito conhecimento, aprendi línguas. E eu tinha um dialeto de comunidade, que não emprego mais. Eles me trazem de volta às origens. Se há alguém que não tenha subido no salto com a fama é você... Gerry Lopez, um surfista, diz: quem cria expectativa demais deve saber lidar com decepções. Procuro ter lucidez, uma vitamina necessária. Adversidades todos têm. Eu tive a maior sorte com meu pai e minha mãe que eram pobres, negros e muito unidos mesmo sem ter uma cabeça de alho para torrar. Se era ruim junto, imagina separado? Antes não tinha a tolerância de hoje, esse negócio de preto com branco, de eu casar com Mariana! Muitas vezes, as pessoas se perguntavam ''''será que ele não vai pisar na batata?'''' Mas o moral sempre esteve no lugar. Eu sempre tive que ''''imprimir'''' e não ia desabonar toda uma luta. Fiz uma coisa para mim, para que pudesse ter prazer com a profissão. Se tiver de reduzir as finanças para ter prazer, prefiro. Tenho certeza de que, no descanso de Dorival (Caymmi), ele se recorda da brisa fresca. Acredito é em trabalho. Acredito no povo brasileiro. Acredito em reformas técnicas e de capacitação. Acredito na aparição de um gênio (risos)! Começa por você. Se trabalha pela sua dignidade, vai estimular o outro. O problema é que o jovem quer um atalho para a vida adulta. E este País tem tudo porque é jovem. Percebi isso na Holanda, em janeiro, quando fui filmar The Scapist, uma história de um velho prisioneiro que vive na cadeia e descobre que sua filha sofreu duas paradas cardíacas por uso de drogas e resolve fugir.

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