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Semana de 22 é lembrada em mostra no Rio

Exposição ‘Brasilidade Pós-Modernismo’, no CCBB do Rio, mostra a ressonância do evento nas artes plásticas, nos últimos 100 anos

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

RIO. Às vésperas do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, uma exposição com obras de 51 artistas convida o público para ver a arte que ela influenciou. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio já abriu as portas para a mostra Brasilidade Pós-Modernismo, que chegará a São Paulo em dezembro.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição conta com obras de Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Ernesto Neto, Jaider Esbell e outros 47 artistas. Ela ocupa a rotunda e todas as salas do primeiro andar do CCBB. Há peças inéditas e outras que foram produzidas ao longo dos últimos 50 anos. Entre as raras exceções está um quadro de Oscar Niemeyer, pintado pelo arquiteto ainda nos anos 1960.

O artistaFrancisco de Almeida e sua xerox gigantesca no CCBB Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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“Ele pintou na vida apenas duas telas. A exposição tem uma delas”, conta Tereza de Arruda, curadora da mostra. “Ela foi produzida em Paris, quando Niemeyer saiu do País, na época da ditadura. Ele estava extremamente desgostoso com a evolução (dos acontecimentos)”, diz Tereza, citando o quadro que lembra Brasília em ruínas.

As demais obras – são cerca de 130 – foram criadas a partir de 1970. “Escolhi este período porque já tínhamos 50 anos da Semana de Arte Moderna. A intenção era não ficarmos na mesmice e darmos um pulo histórico e cultural”, pontua a curadora. Assim, quem for ao CCBB-RJ até novembro verá o modernismo brasileiro por uma ótica mais atual. “A Semana de 22 foi um marco, mas a modernidade brasileira não aconteceu ali; houve precedentes, e depois continuou esse processo”, lembra Tereza de Arruda.

Obra de Beatriz Milhazes na mostra 'Brasilidade' do CCBB Foto: WILTON JUNIOR / ESTAD?O

“São quase cem anos após a Semana de 22 e do bicentenário da Independência do Brasil. É o momento de rever tudo isso que nos foi contado e ensinado. Temos um distanciamento. E, quando se fala em brasilidade, sempre penso na palavra como ‘Brasil com uma certa idade’. Essa maturidade tem que abrir o horizonte.”

A pesquisa para a construção da exposição começou em 2018. “Nesse período todo fizemos tratativas com os artistas. Muitos estão nos entregando obras diretamente do acervo deles, e alguns nós emprestamos de coleções privadas”, explica a curadora. A mostra foi dividida nos núcleos Liberdade, Futuro, Identidade, Natureza, Estética e Poesia. A iluminação ganha tons diferentes em cada um dos ambientes, tornando tudo mais claro à medida que o visitante for avançando.

Tereza considera que quem for ao CCBB deve reservar pelo menos uma hora e meia para acompanhar a exposição – devido à pandemia, é preciso fazer agendamento prévio. A curadora também sugere que o visitante baixe um aplicativo da mostra, que reúne vídeos de dez artistas gravados diretamente de seus ateliês. Além disso, é importante que cada um leve seu próprio fone de ouvido, a fim de poder acompanhar o audioguia.

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Quem visitar Brasilidade Pós-Modernismo já será recepcionado por uma obra com mais de quatro metros suspensa na rotunda do CCBB Rio. Trata-se de uma xilogravura do artista cearense Francisco de Almeida, que desenvolveu uma maneira própria de apresentar a sua arte. “Eu trabalho com uma forma de gravura, de composição, chamada de xilogravura expandida”, diz ele.

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