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São Paulo recebe a 4.ª Bienal Internacional do Grafite Fine Art

Evento demonstra a diversidade de técnicas e estilos dessa expressão artística urbana

Por Pedro Prata
Atualização:

O Memorial da América Latina recebe uma exposição que pode mudar a cabeça de quem pensa que o grafite é um movimento homogêneo. A 4ª Bienal Internacional do Grafite Fine Art transforma o espaço cultural em uma vitrine para a diversidade de técnicas e estilos da expressão artística que, no Brasil, atingiu sua expressão máxima nas ruas de São Paulo.

'Iara', de Tito Ferrara, na 4ª Bienal do Grafite no Memorairal da América Latina Foto: Hélvio Romero/Estadão

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Um dos pioneiros da arte, o paulistano Binho Ribeiro foi o curador responsável por selecionar as dezenas de obras feitas por mais de 80 artistas nacionais e internacionais que enchem de cores a galeria Marta Traba, a biblioteca e a praça do espaço cultural.

“Realizar essa exposição num lugar como o Memorial da América Latina possibilita a visitação de escolas e adolescentes e permite a eles conhecer as possibilidades do grafite na atualidade”, afirmou Ribeiro ao Estado. “Isso é importante porque são esses artistas que estão na cabeça das gerações mais novas”.

O curador explica que a Bienal não possui um tema específico, pois privilegia a liberdade de produção dos artistas. Ele selecionou grafiteiros de relevância na região onde atuam e procurou incluir expoentes de diferentes estilos, com trajetórias variadas no grafite. Metade dos artistas convidados produzem sua arte em São Paulo e estão participando da exposição pela primeira vez. É o caso de Alex Senna, grafiteiro consagrado que enfeita os muros da metrópole com seus personagens e passarinhos em preto e branco.

Falta reconhecimento. Ele opina que a produção de artistas brasileiros no âmbito internacional é prova da importância do grafite para o cenário da arte contemporânea. Mesmo assim, acredita que a expressão artística ainda não possui o reconhecimento que lhe é devido.

“O paulistano gosta de ver o grafite pronto, mas não a produção. Quando eles nos veem pintando, nos xingam e, por ignorância, ligam para a polícia”, contou Senna ao Estado. “O que eu posso dizer é que a Bienal do Grafite é importante para expor os talentos que existem no País. Mesmo com mais de 30 anos de história dessa forma de arte na cidade, os grafiteiros ainda precisam lutar por seu espaço.”

A exposição dialoga com esculturas e instalações. É o caso, por exemplo, de uma obra sobre a lenda amazônica Iara, instalada no espelho d’água do Memorial pelo artista Tito Ferrara. Ou, então, a escultura do artista argentino Tec feita a partir de materiais reciclados garimpados de um sucateiro da Barra Funda, bairro onde se encontra o espaço cultural.

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Compreensão da arte. “Esta Bienal possibilita a muitas pessoas que só conhecem o grafite por meio dos muros, conhecer outros artistas de diferentes áreas”, aponta Binho Ribeiro. “Ela permite compreender a amplitude e a maturidade dessa arte”.

Embora já tenha produzido obras relevantes no Rio de Janeiro, a grafiteira Rafa Mon se considera uma iniciante no campo do grafite- principalmente se comparada a outros artistas que já estão há mais de uma década na área. Ela é um dos 20 grafiteiros de outros Estados que compõem a mostra.

A artista afirma que sentiu muita responsabilidade por pintar ao lado de grandes nomes da arte e acredita que a bienal pode combater a falta de conhecimento da população sobre o grafite.

“O que eu mais fiquei feliz de ver lá foi a diversidade das obras. Além disso, elas foram separadas por estilos: tem uma área que é mais gráfica, outra que é mais realista, etc. Acredito que isso será fundamental para os visitantes que são leigos no assunto”, disse Rafa. Além de obras nacionais, a Bienal do Grafite conta com expositores de pelo menos outros sete países. Mesas de conversa e oficinas completam a programação do evento.

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