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Salvação dos sebos, formato mantém-se em alta nos EUA

Os números não chegam a ser expressivos, mas nas lojas especializadas os LPs compensam a queda de vendas dos CDs

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Segundo estatísticas da Nielsen SoundScan, sistema de acompanhamento de vendas de produtos de música nos Estados Unidos e Canadá, em 2008 o mercado norte-americano de álbuns de vinil cresceu 89% em relação a 2007, totalizando 1,88 milhão de unidades. Os dois títulos mais vendidos foram In Rainbows, do Radiohead (25,8 mil), e Abbey Road, dos Beatles (16,5 mil). Os números não representam grandes lucros e o vinil está longe de salvar o mercado assolado pela prática avassaladora de downloads ilegais, mas o fato de uma banda contemporânea em atividade, como o Radiohead - que promete para abril uma compilação de singles nesse formato - encabeçar a lista nos EUA é significativo. Ou seja, o público adepto do vinil não é só o colecionador veterano, mas jovens roqueiros, que também procuram muito álbuns dos Beatles e dos Rolling Stones nos sebos. "Meus clientes que compram esses discos não têm mais de 22 anos e conhecem Beatles melhor do que eu", diz Eric Crauford, inglês radicado no Brasil, dono da Eric Discos. O mais caro de sua loja é um raro dos Beatles: R$ 800. A porcentagem de venda de vinil em sua variada loja em Pinheiros (Rua Arthur de Azevedo, 1.813, 3081-8252) é de 80%. Eric também exporta muito para o Japão, EUA e Europa e tem uma ala reservada para preciosidades de música brasileira antiga (bossa nova especialmente) fora de catálogo e em ótimo estado de conservação. "Ultimamente, os estrangeiros têm procurado muito por discos dos tropicalistas, Mutantes principalmente." A Baratos Afins (Av. São João, 439, 2º andar, lojas 314/318, 3223-3629), além de produções do próprio selo e grande acervo de rock e MPB antiga, também traz novidades como Amy Winehouse e Oasis. "O que está mantendo a gente é o vinil", diz Luiz Calanca, notório defensor dos bolachões, que também representam 80% de suas vendas. Seu público, como dos outros sebos, é variado, mas há dois nichos mais fortes: novidades e clássicos do rock. Na Ventania Discos (Rua 24 de Maio, 188, conjs. 113, 115 e 117, 3222-6273), os compact discs são em número cada vez menor. "O que mais as pessoas procuram são CDs que já estão fora de catálogo", diz o proprietário Alcides Campos Filho. Há pouco ele vendeu uma cópia de Louco por Você, o raríssimo primeiro LP de Roberto Carlos, por R$ 1.500. Uma de suas sugestões é que se voltem a lançar discos raros da bossa nova, que nunca saíram em formato digital e são muito procurados. "Encontrar algum em bom estado é difícil, porque quem tem não vende." "Os próprios discos do João Gilberto podem sair, porque nada impediria a EMI de relançá-los em LP. A causa foi para a Justiça por causa do CD", diz João Augusto, que foi responsável pela compilação O Mito (motivo pelo qual João processou a gravadora) em álbum triplo de vinil. Segundo o empresário, o cantor elogiou o projeto, mas quando na transição para o CD é que se deu a confusão, porque ele não tinha autorizado. "Aí, ele aproveitou para dizer que ficou ruim. E ficou mesmo quando passaram do vinil para o CD."

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