PUBLICIDADE

Retrospectiva traz múltiplas faces de Saint Clair Cemin

Gaúcho reúne esculturas de estilos e materiais diferentes no Tomie Ohtake

Por Camila Molina
Atualização:

O gaúcho Saint Clair Cemin considera-se, antes de tudo, um artista conceitual e por isso à primeira vista parece ser complicado fazer a relação dessa definição com o grande conjunto de esculturas que formam sua mostra retrospectiva em cartaz no Instituto Tomie Ohtake. Para o visitante desavisado, aquela parece ser uma exposição de mais de um artista: cada escultura é feita de estilos e materiais diferentes entre si e essa é a grande investigação conceitual de Cemin. "Uso o estilo como qualquer característica da arte, como a cor, a narrativa, a forma", diz ele, que cria, ao mesmo tempo, a partir do rococó ou do surrealismo. É raro ter a oportunidade de ver reunido um grupo de obras do artista (mais de 40 na mostra), já que ele é um criador que fez caminho inverso: tornou-se nome reconhecido primeiramente no exterior - vive fora desde a década de 1970 - para depois ser conhecido no Brasil. Nascido em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, Saint Clair Cemin mudou-se nos anos 70 para Nova York, mas hoje também se divide entre a França e a China. "A obra dele é muito diferente do que se faz aqui porque no Brasil há uma ideia de que o artista tem de ter um denominador comum. A mostra bate de frente com o preconceito e apresenta um artista que trata o tempo todo com colisões de tempo e formas", explica Agnaldo Farias, que assina a curadoria com Jacopo Crivelli Visconti. Saint Clair Cemin conta que toda sua pesquisa partiu de uma experiência no verão de 1983, quando quis fazer "uma obra puramente conceitual". "Fechei-me no ateliê com a ideia de que teria liberdade absoluta para experimentar materiais e técnicas para ver o que daria isso", conta. Livre totalmente e sem critério nenhum - como dar um microfone inesperadamente a alguém para dizer o que quiser, ele brinca -, Cemin se viu, depois de algumas semanas, rodeado de objetos que havia criado com argila (desde cinzeiros à escultura Um Pedaço de Feiura). Desde então escultórico tornou-se seu meio de trabalho. Serviço Da Pureza ao Enigma - Escultura de Saint Clair Cemin. Instituto Tomie Ohtake. Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, 2245-1900. 22h/ 20h (fecha 2.ª). Grátis. Até 5/7

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.