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Relação agora é com M, diz o diretor Marc Foster

'Não se pode desperdiçar Judi Dench', ele explica e acrescenta: 'Difícil foi fazer O Caçador de Pipas'

Por Luiz Carlos Merten e LOS ANGELES
Atualização:

Dirigir um filme de James Bond é fácil, ?a piece of cake?, como diz Marc Foster. Duro foi fazer O Caçador de Pipas na China. "Aquele, sim, foi um filme difícil." Ele lembra os problemas de filmar com uma equipe local, figurantes que falavam afegão e fundamentalistas que ameaçavam boicotar a produção. Quantum of Solace é o filme mais violento e o que mais locações tem na série - duas características que poderiam ter transformado a vida do diretor num inferno. Mas foi fácil, ele garante. E divertido. Embora fizesse filmes ?menores?, não necessariamente pequenos, de um perfil mais autoral - A Última Ceia, Em Busca da Terra do Nunca, Mais Estranho Que a Ficção e O Caçador de Pipas -, Foster sempre sonhou com um filme de ação, de grande espetáculo. Você é até capaz de achar que ele não teria physique du rôle para isso. Foster tem a fala mansa, gestos delicados, parece tímido. Seu nome foi sugerido aos produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson pelo próprio Daniel Craig. "Ficamos muito satisfeitos", garantem. Num encontro anterior com o repórter do Estado, no set de El Paranal, no Chile, Foster já anunciara que a relação se baseava na confiança mútua e que ele deveria montar o ?seu? James Bond. Existe diferença entre a sua versão de ?autor? e a dos produtores, que chega às telas do Brasil na sexta e estréia nos EUA dia 14? "Sim", ele conta. "Cortei 20 segundos na versão que para cinema. No DVD, acho que nem vão notar a diferença." É um filme de ação e um filme de autor. O tema, agora, é menos a caçada de 007 aos assassinos de Vesper, para se vingar - esta é a ?história? -, e mais, muito mais, a quebra de confiança, produzida pela traição. Já havia isso nos filmes anteriores de Foster, em O Caçador de Pipas, lembram-se? A verdadeira relação de 007 em Quantum of Solace não é com a bondgirl Olga Kurylenko (a top ucraniana que tomou lições de espanhol para fazer uma boliviana), mas com M, a dirigente do serviço secreto inglês interpretada por Judi Dench. Logo no começo, M é traída por um integrante de sua equipe e isso também levanta nela a dúvida sobre se poderá voltar a confiar em 007. Afinal, ele parece obcecado pela vingança, e um bom agente tem de manter a cabeça fria. "Tendo uma atriz como Judi à disposição, seria absurdo não aprofundar a personagem nem lhe conceder melhores falas", avalia Foster. Em El Paranal, ele contou que havia escolhido o observatório que tem o maior telescópio do mundo - na verdade, um conjunto de lentes superpotentes que operam em uníssono -, depois de pesquisar na internet em busca de locações exóticas. El Paranal situa-se numa das regiões mais secas da Terra, no deserto de Atacama. Foi lá, em meio àquela desolação toda que Foster teve a idéia de encerrar o filme com o vilão perdido no meio do deserto. "É uma idéia forte, não acha?" Outra escolha, a da melhor cena de Quantum of Solace - e uma das melhores de toda a franquia -, também veio via internet, o que faz do 22º filme da série oficial um significativo resíduo do casamento do cinema com as novas ferramentas da comunicação. "Nosso roteiro previa uma cena de caçada durante um espetáculo, alguma coisa a ver com Alfred Hitchcock, O Homem Que Sabia Demais. Comecei a pesquisar na internet e descobri essa montagem meio futurista da Tosca, de Puccini, na Áustria. O assassinato da ópera tem a ver, como num jogo de espelhos, com a situação do herói e o próprio teatro me pareceu um cenário de James Bond. Nos aplicamos, mas a cena saiu como queríamos, don?t you think?" O repórter viajou a convite da distribuidora Sony

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