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Regina Vater exibe no Rio instalações e poesias visuais

Radicada nos EUA, ela foca sua arte na destruição da natureza

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Radicada nos Estados Unidos desde os anos 80, a artista plástica carioca Regina Vater está de volta ao Rio para a primeira individual na cidade em 31 anos. Pioneira em diferentes segmentos artísticos, Regina mostra a partir de amanhã, no Castelinho do Flamengo (Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho), instalações e poesias visuais que tratam de questões que a inquietam há muito tempo, como a destruição da natureza e a falta de civilidade entre os brasileiros. A multiartista trouxe na bagagem obras como Cultivare, composta da palavra ''''sim'''', ''''escrita'''' com grama, que vai crescer, em caixas de madeira, durante o tempo em que a exibição estiver em cartaz (a visitação, gratuita, vai até o dia 12 de agosto). Made in Brazil, projetada especialmente para esta mostra, consiste em duas cadeiras cobertas por gaze hospitalar e plotagens que exibem frases que Regina acredita serem uma máxima no Brasil: ''''O que é teu é meu. O que é meu não é teu.'''' Noutra sala, serão expostos quadros com exemplares de sua E-Mail Art, versão moderna da antiga arte postal. São belas fotos do jardim que Regina cultiva em sua casa, em Austin, no Texas, para onde ela se mudou em 1985 para acompanhar o marido, o artista plástico norte-americano Bill Lundberg, professor da universidade local. Sobre as imagens, frases que a artista retirou dos muitos livros que lê na biblioteca da universidade. Integrante da primeira geração de videoartistas do Brasil, visionária ao tratar de assuntos relacionados à ecologia em seus trabalhos ainda na década de 70, Regina foi convidada pela Secretaria Municipal das Culturas. Ela nunca parou de expor nos EUA e também de fazer curadoria de exposições. Nessa trajetória, lembra que jamais teve medo de ousar. Nem se deixou levar pelas vozes que tratavam determinadas formas de arte como algo sagrado. O amigo Hélio Oiticica, a quem conheceu na Bienal de Veneza de 1976 e de quem se aproximou para valer anos depois em Nova York, sempre a estimulou nesse caminho de ruptura de regras. ''''Ele incentivava meu lado experimental. O meu trabalho sempre amedrontou os críticos de arte, porque é difícil de ser colocado numa gaveta. Hélio dizia: ''''Não liga pra isso, não, vai fazendo'''''''', recorda-se. ''''Eu nunca achei nada um sacrilégio.'''' Feliz por estar de volta - o Rio sempre a fez sorrir, diz -, Regina explica que não expôs antes na cidade simplesmente porque não surgiram convites (sua última mostra havia sido em 1976, no Museu de Arte Moderna). Em São Paulo, onde morou quando era uma jovem artista gráfica, Regina ganhou exibição em 1995. Foi no Sesc Paulista, com o marido, considerado por ela um dos pioneiros entre os videoartistas de todo o mundo. Aos 64 anos, Regina confessa o prazer de estar nas vanguardas. ''''Eu gosto de estar no meio das revoluções. Depois elas não me interessam mais.''''

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