Reação química

A dupla Chemical Brothers, espécie de Rolling Stones da eletrônica, chega pela terceira vez ao Brasil e toca hoje no Credicard Hall

PUBLICIDADE

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

No último dia 8, eles fizeram 9 mil pessoas dançar em Trafalgar Square, no coração de Londres. Espécie de Rolling Stones da música eletrônica (em termos de longevidade proporcional e pelo domínio de um tipo de ''''assinatura'''' sonora, os chamados big beats), Tom Rowlands e Ed Simons estão no País pela terceira vez hoje (tocaram em 1999 no Via Funchal e em 2004 no Pacaembu). Ouça a faixa Salmon Dance, do Chemical Brothers Eles tocam esta noite no Credicard Hall. Ontem, ainda havia ingressos para todos os setores. Chegam a bordo do seu sexto disco de estúdio, We Are the Night. ''''Nós somos os céus da noite, nós somos as mentiras brilhantes'''', diz o coro da faixa-título. Mentiras sinceras nos interessam, diria o poeta. O show é uma cascata de hits, de Block Rockin'''' Beats a Hey Boy Hey Girl. Tom e Ed estão desde ontem hospedados no Hotel Unique, em São Paulo. Ed Simons falou ao Estado por telefone há uns 10 dias. ''''Você tem de estar por aí há muito tempo para ser considerado um clássico. Mas nunca foi nossa preocupação. O que queremos é deixar um bom legado musical, e a preocupação maior é sempre: para onde vamos agora? É preciso estar conectado com as pessoas, trazer a música à vida'''', disse Simons. O que eles prometem para esta noite? ''''Mais música do que da última vez, porque fizemos dois novos álbuns desde então, e um novo show, com novo visual, novos efeitos, porque a tecnologia está sempre avançando. Um show mais antenado com o futuro'''', avisou o produtor. Sobre o novo disco, We Are the Night, ele explica que é como se fosse ''''uma seqüência inteira de cartoons, um tipo de conversação entre personagens e temas que dá um frescor e um tom psicodélico ao trabalho''''. Quando entra uma canção mais trance, ou outra mais para new rave, ele diz que é tudo questão de timing. ''''Há um certo senso fashion no disco, algo que busca manter as pessoas animadas. Adoro aquela movimentação louca da moda.'''' We Are the Night seria o disco preferido dos Chems? ''''É difícil escolher. Gastamos muito tempo de nossas vidas em cada disco, e cada um tem uma história, um momento. O que posso dizer é que esse é o mais recente, portanto é nossa criança favorita'''', afirmou. Prestem atenção na hora em que os Chemical Brothers tocarem a inapelável Salmon Dance, uma canção irresistivelmente tola com um rap infantilóide de Fatlip que dá voz ao personagem Sammy, o Salmão, e virou um novo hit instantâneo da banda. É aquela velha história: até quando fazem música ruim, os Chems são bons. Como de hábito, os Chems buscam alistar em seu disco colaboradores de peso, astros da música internacional. Foi assim quando gravaram Setting Sun, que tinha como convidado o guitarrista e cantor do Oasis, Noel Gallagher; e quando gravaram Out of Control, que tinha Bernard Summer, do New Order. Agora é a vez dos Klaxons, que emprestaram sua música bombada para All Rights Reversed, e do Midlake, que cedeu Tim Smith para gravar na faixa The Pills Won''''t Help You Now, entre outros. Não, não é uma forma de ''''vampirizar'''' a música do seu tempo, rebate Simons. ''''É apenas mais uma tentativa de fazer música. São pessoas com as quais nós queríamos trabalhar naquele momento e com as quais nos demos bem no estúdio, a química funcionou bem'''', ele explica. ''''Pills Won''''t Help You Now é uma associação entre o som mais orgânico e as batidas mais sintéticas da eletrônica. Já All Rights Reversed tem aquela energia que se dirige diretamente à platéia, característica da new rave. Tem brilho e instinto.'''' Ed Simons é econômico nos elogios às bandas eletrônicas da nova geração. ''''Gosto do Digitalism, acho que eles fizeram um grande disco.'''' Já quando fala do rock, é mais entusiasmado. ''''Adoro as letras dos Arctic Monkeys. É um grupo divertido. A Grã-Bretanha tem uma longa tradição de guitar bands, que vem dos Beatles, passa pelo Oasis. Têm saído muitos bons discos de rock aqui.'''' Primeiro grupo a fazer música eletrônica para multidões, o Chemical surgiu em Manchester em 1991, no clubinho Naked Under Leather. Tom Rowlands tivera um grupo dance anteriormente, o Ariel, e deixou para fundar o Dust Brothers (nome que adotaram inicialmente) com Simons. Mas havia já um grupo americano chamado Dust Brothers e eles, pressionados por advogados, tentaram mudar para Dust Brothers U.K. Não deu certo, e assim nasceu o Chemical Brothers. Serviço Chemical Brothers. Credicard Hall. Av. Nações Unidas, 17.955, 6846-6010. Hoje, 21h30. R$ 80 a R$ 400

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.