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Quem escreveu no ''Pensamento da América''

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Por Redação
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CASSIANO RICARDO: "Aparecendo, portanto, num instante ímpar de nossa história - quando corpo e a alma do autêntico Brasil emergem de um processo revolucionário que nos restituiu os veios mais secretos de nossa originalidade como povo e como Estado, o objetivo principal de A Manhã é trabalhar por esta obra de confraternização brasileira e espelhar os fatos deste instante emotivo e criador. O seu rumo está, assim, definido: ela pretende ser o pensamento brasileiro em função dos nossos ideais de nacionalidade." (Texto do escritor modernista sobre a linha editorial do suplemento, de agosto de 1941) RAUL BOPP: "É a supremacia técnica da América que vai ditar a resposta. Ela retomou ritmos de produção tirânica. O gênio de aço acendeu as fornalhas. Cresceram as fábricas como monstros achatados, mastigando noite e dia fatias de ferro (...) É a marcha das máquinas a marcha da vitória. Chegaremos, certamente, um dia, por highways, de Los Angeles ao Chile, Rio de Janeiro ou Buenos Aires. Mas os autos rodarão em pneumáticos de borracha da Amazônia, onde ela é nativa - seja de procedência peruana, venezuelana, boliviana ou brasileira -, e não mais das Índias de além-Pacífico. Com o desenvolvimento da aviação veremos, em futuro próximo, esquadrilhas do ar riscando o céu no afã de reunir distâncias, vencendo a territorialidade e o isolamento. Por conseguinte, farão de melhor modo a aproximação dos povos, em uma solidariedade e equilíbrio de interesses." (Texto do escritor modernista sobre o espírito progressista do pan-americanismo, de junho de 1945) RENATO ALMEIDA: "(Rui Ribeiro Couto) é um cavaleiro da cooperação intelectual. Por toda parte onde o tem levado o destino andejo de diplomata, é sempre um elemento fecundo de compreensão e consegue estabelecer logo contatos espirituais, que desenvolve, tanto para nos tornar conhecidos como para nos fazer conhecer as terras por onde anda e as gentes que o acolhem." (Texto do folclorista quando sucedeu a Rui Ribeiro Couto na direção do suplemento, de abril de 1943) GABRIELA MISTRAL: "Árvore absurda, partida em duas frondes que, separadas no tronco por somente cinco polegadas, se repudiam e dividem no alto por um rasgão e um vazio de metros. O tronco é um, a seiva é uma, e a espécie e o gênero também, mas a árvore teve o louco humor de não ver as duas frondes. De ramo a ramo, não corre nenhuma palpitação emocional comum, e sua única raiz parece um mito." (Texto da poeta chilena sobre o desconhecimento mútuo dos países americanos, de setembro de 1945) CECÍLIA MEIRELES: "Entre marquesa empoada e clown lírico - mal a pude ver num momento movediço de hotel. Tinha nos olhos e no riso um fulgor igual: a ironia, essa indulgência dos tristes; a poesia, essa tristeza dos bons. Uma prematura cabeleira toda de lua, que fazia Gabriela Mistral dizer-lhe, como a um bichinho meigo: ?ratinho branco...? Um dia, em 1938, o Uruguai convidou essas duas altas vozes - a argentina e a chilena - a se unirem à de sua Juana de Ibarbourou, para juntas explicarem o mistério de seu lirismo. Foi uma festa inesquecível. (...) Estava necessitada e cansada. Ponho-me a reler seus versos: tão desejosos de encontro, de repercussão. Nascera para o mais triste e mais irresistível dos verbos: dar-se. Que é um verbo curto, irregular, e só ironicamente reflexivo." (Texto da escritora carioca sobre o suicídio,aos 46 anos, da poeta argentina Alfonsina Storni, de fevereiro de 1948)

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