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Quando o arroz com feijão vira finesse

MELHOR TRIVIAL

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Por Redação
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Um tempero a mais, o zelo pelos tempos de cozimento. Toda dona de casa tem seu truque para melhorar o trivial. Do picadinho do Antiquarius, com carne cortada a ponta de faca, ao baião-de-dois do Mocotó, os chefs capricham na cozinha que seria doméstica, mas vira sofisticada nas mãos deles. O feijão apareceu no delicado tutu do Tordesilhas. O milho, numa cremosa parceria com o frango empanado do Dona Onça. São variações da comida das casas brasileiras, com um pouco de criatividade (só um pouco) que não desmereça o que o uso anônimo diário já aperfeiçoou tanto. Quem ganhou foi o arroz com feijão, no sentido figurado e também no real: o de Alex Atala provou ser de mestre. Levou cinco votos do juri. Onde comer D.O.M. - R. Br. de Capanema, 549, Jd. Paulista, 3088- 0761. Arroz com feijão e bife: R$ 42 Tordesilhas - R. Bela Cintra, 465, Bela Vista, 3107-7444. Tutu à mineira: R$ 40 Antiquarius - Al. Lorena, 1.884, Jd. Paulista, 3082- 3015. Picadinho à moda do Rio: R$ 93 Mocotó - Av. Nossa Sra. do Loreto, 1.100, V. Medeiros, 2951-3056. Baião-de-dois: R$ 10,90 (grande) Dona Onça - Av. Ipiranga, 200, lojas 27/29, Centro, 3257-2016. Frango à milanesa: R$ 25 OS VOTOS DOS COMILÕES ANNA ANGOTTI & DEMIAN TAKAHASHI Feijão, arroz e bife "Que é isso? Degustação de feijões?", resmungou o Demian - que não estava de bom humor - ao ver os dois tipos (carioca e preto) à mesa. Mas era mais que isso: os escalopinhos quase se perdiam em meio a tantos acompanhamentos. "Está faltando tempero na carne, nos feijões e na couve, parece comida de hotel", o Demian continuava reclamando. E eu defendendo o PF do Alex: com tantos ingredientes, a chance de um estar salgado demais, outro fora do ponto, aumenta exponencialmente. E estava tudo muito correto. "Cadê a imperfeição caseira? Está tudo perfeito demais" - o Demian queria continuar pondo defeito. Mas o "perfeito demais" foi a deixa que eu precisava para encerrar a discussão. BRAULIO PASMANIK Picadinho Este é um dos grandes pratos em São Paulo. A primeira qualidade revela-se na fartura, permitindo ao cliente combinar os ingredientes na proporção de seu gosto. O picadinho de carne, cortado na ponta da faca, vem molhadinho, bem temperado e muito saboroso. A grande sacada é a banana frita, sempre madura e depois colocada no molho da carne. A farofa excelente, o ovo pochê e o caldo grosso de feijão preto bem temperado completam esta obra de arte que leva meu voto. JACQUES TREFOIS Feijão, arroz e bife Um bom bife, ótimas batatas fritas em quadradinhos quentes e uns grandiosos feijões, condimentados na medida certa, como somente se come em casa e... acompanhados também por uma farofa realmente festiva. Belo prato trivial, que mostra que um grande chef como Alex Atala sabe também cozinhar pratos muito simples. Z AMÉRICO CAMARGO Feijão, arroz e bife O bom produto, tratado com equilíbrio de sabores e sabedoria nas combinações. Haute cuisine? Não, apenas a gastronomia aplicada a um prato trivial. Este arroz com feijão tem grãos no ponto e os temperos certos do mais clássico prato cotidiano do País, além da companhia dos melhores bife, banana, farofa, couve e batata frita que você pode provar. Bom para o dia-a-dia e, cá entre nós, não cairia mal nem no fim de semana. LUIZ HORTA Feijão, arroz e bife Alex Atala mostra que, além de ser o mais importante chef do País, é capaz de realizar o basicão brasileiro. Um privilégio comer isto, como seria o de um pá amb tomaquet feito por Ferran Adrià ou um pil-pil de Martin Berasategui. Mais que uma exibição de virtuosismo, a carne é ótima, a banana empanada, linda e a farofa, perfeita. MIGUEL FAZANELLA Feijão, arroz e bife Taí, feijão, arroz e bife, e daí? E daí que a banana empanada é tão delicada que a primeira coisa é o impulso de pedir, por gentileza, mais uma antes que acabe a do prato, esquecendo-se que é um restaurante de alta gastronomia. Em seguida é o bife? Pois é, o bife tem ponto, isto é, os bifes (são dois) estão no ponto certo. Dois feijões para você escolher e etc. Um desejo: será que um dia não poderia vir também com um ovinho bem simplesinho? NEIDE RIGO Tutu à mineira Como sempre e mantendo a regularidade, o tutu, do Tordesilhas estava muito bom: a carne torradinha por fora e interior sucoso tinha um aroma de suíno incrível (sim, isto é possível); a couve estava verdinha e bem temperada e o arroz, soltinho, com bastante alho. Sem falar do torresmo supercrocante e macio e do tutu cremoso e com temperos caseiros, todos muito bem feitos. Comida que dá vontade de comer todos os dias. PATRÍCIA FERRAZ Baião-de-dois Temperado com sabedoria, uma combinação de delicadeza e presença marcante. O sabor ora revela o toque de coentro, ora puxa para a pimenta-biquinho. Tradição revisitada sem invencionices. ROBERTO SMERALDI Tutu à mineira Um tutu de verdade, que se torna um grande prato com uma gotinha de um dos irresistíveis molhos de pimenta caseiros. As costelinhas desmancham. Apesar das gorduras, nada fica pesado. Único defeito, que não posso deixar de citar, é o torresmo que ficou um pouco duro demais. ROSA MORAES Picadinho Prato de avó. Até me faltam palavras para exprimir a alegria que senti ao comer este prato. Só de lembrar, minha boca enche d?água. SILVIO GIANNINI Tutu à mineira Uma sugestão pouco elegante, mas que traduz toda a minha admiração pelo prato: a pasta de feijão, engrossada pela farinha de mandioca, poderia ser devorada às colheradas. Um primor. A costelinha de porco dourada, o ovo frito servido com a gema mole invadindo o pecaminoso torresminho, sem falar na couve azeitada, fazem páreo duríssimo para o tutu da minha querida Enaide, rainha do trivial, cozinheira baiana que há 40 anos está na minha família. Leva o primeiro lugar com louvor.

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