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Quando a casa cai, o que é melhor salvar?

Depois de Tudo aborda drama de uma família desabrigada por obra do metrô

Por Beth Néspoli
Atualização:

A inspiração para que Franz Kepler escrevesse a peça Depois de Tudo, que entra em cartaz no sábado na sala experimental do Teatro Augusta, veio da cratera aberta pela obra do metrô no bairro de Pinheiros. Mas ele se apressa a dizer que não se trata de um peça especificamente sobre o tema. ''Fiquei com vontade de falar sobre o que acontece na vida dessas pessoas que perdem subitamente sua casa. Não se trata apenas de um bem imóvel. É toda uma história vida que está envolvida'', diz Franz. Com direção de Flávio Faustinoni, o espetáculo gira em torno da uma família abrigada num quarto de hotel logo após ter tido a casa condenada: a mãe Noêmia (Maria Eugênia de Domenico) e seus dois filhos Júlio (Pedro Garrafa) e Lúcia (Carmela Paglioli). A Defesa Civil avisa: apenas um deles terá alguns minutos para recolher poucos objetos de importância, o restante terá de ser deixado para trás. Esse é o ponto de partida que realmente interessa ao autor. ''O que é realmente importante? Numa hora dessas, fotos de infância ou uma carta do pai tornam-se muito mais importantes do que um eletrodoméstico.'' O fato de terem de conviver num estreito quarto de hotel faz aflorar problemas familiares que já existiam em potencial. Um dos pontos de atrito brota das diferentes visões de mundo. ''A mãe é católica que começa a achar que foi um castigo de Deus por seus erros no passado; a filha, evangélica, credita a perda ao fato de não ter pago o carnê da Igreja; o filho é bem mais realista.'' Mas nem tudo é drama. ''Lúcia, a filha, vê aspectos positivos, curte o fato de deixar tudo para trás, começar vida nova. E há espaço para o humor e para a revelação de segredos.'' Uma pitada de melodrama. Tratado com muito cuidado. Serviço Depois de Tudo. 70 min. 14 anos. Teatro Augusta (50 lugs.) Rua Augusta, 943, 3151-4141. 6.ª, 21h30; sáb., 21h; dom., 19h. R$ 30. Até 3/8. Estréia sábado

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