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''Prezo uma encenação simples e inteligente''

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Por Redação
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Miriam Mehler nasceu em Barcelona, na Espanha, em 1935, mas se consagrou como atriz no Brasil. Ela se formou pela EAD (Escola de Arte Dramática) em 1957 e participou da montagem de Eles Não Usam Black-Tie (1958), peça de Gianfrancesco Guarnieri no Teatro de Arena. Naquele ano, ganha o Prêmio Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT) de atriz revelação por A Lição, de Eugène Ionesco, direção de Luís de Lima. Seria depois dirigida por Antunes Filho, Flávio Rangel, José Celso Martinez Corrêa, Emilio Di Biasi, José Renato, entre outros. Com o então marido Perry Salles, fundou o Teatro Paiol, onde estreou À Flor da Pele, texto que lança a dramaturga Consuelo de Castro. Sua atuação na televisão e no cinema também se destaca. Na TV, ela fez várias telenovelas, entre as quais Marcados Para o Amor (1964), Redenção (1966), A Cabana do Pai Tomás (1969), O Direito de Nascer (1978), As Pupilas do Senhor Reitor (1995) e A Escrava Isaura (2005). No cinema, atuou em O Bandido da Luz Vermelha (1968) e Chega de Saudade (2007). Ela está em cartaz com Ilustríssimo Filho da Mãe, de Leilah Assumpção, no Teatro Jaraguá (telefone: 3255-4380). Que atores ou atrizes cujo trabalho em teatro você acompanha? Muitos, quase todos, temos excelentes atores e atrizes no nosso teatro, mas no momento estou fixada no Jairo Mattos. Qual é o diretor de teatro cujo trabalho você admira em especial? Por quê? Márcio Aurélio, além de analisar o texto e dissecar os personagens, tem uma imensa noção estética, cuida maravilhosamente bem do espetáculo, e trata com muito carinho os seus atores. Dê um exemplo de criador teatral (intérprete, diretor ou dramaturgo) muito bom, mas injustiçado. Alexandre Tenório, um excelente diretor, mas a mídia ainda não o descobriu. A cena brasileira tem algumas montagens teatrais antológicas. Cite algumas peças que tenham sido marcantes em sua vida. Algumas das peças que interpretei, como Pequenos Burgueses, Andorra e Abelardo e Heloísa. E outras como Piaf, Intimidade Indecente, Rasga Coração, O Rei da Vela, Longa Jornada Noite Adentro, etc. Qual foi a montagem que lhe fez mal, de tão perturbadora? Nenhuma montagem me fez mal, pois se ela me perturbou é sinal que mexeu comigo, e isso é muito bom. Você pode dar alguns exemplos de montagens que fizeram você se sentir assim? Quando assisti a algumas peças do Plínio Marcos. Você acha que comédia é um gênero menor? Se a resposta for negativa cite uma peça maior do gênero. Se for positiva, diga por quê. Absolutamente, comédia é um gênero maravilhoso que, através do riso, nos faz pensar, nos atualiza e ainda nos diverte. As peças da Leilah Assumpção, do Juca de Oliveira, Marcos Caruso são um exemplo disso (e é claro que existem muito mais autores). Cite uma peça difícil, mas boa . Eu Estava em Minha Casa e Esperava Que A Chuva Chegasse, de Jean Luc Lagarce. É uma peça na qual se fala muito do protagonista e, apesar da espera, o público não o vê em cena, pois ele não aparece. Esse espetáculo deve ter sido baseado em Esperando Godot. Você poderia citar um espetáculo difícil, mas inesquecível. O Balcão, de Jean Genet. Eu nunca tinha visto aquela estrutura do O Balcão, os atores se movimentando dentro daquela estrutura perigosa e lindíssima, mas complicada para os intérpretes, dava medo e fascinava de uma tal maneira que nunca mais consegui esquecer. Que peça (s) escrita (s) nos últimos dez anos mereceria, para você, um lugar na história do teatro brasileiro. As peças da Leilah Assumpção, do Bosco Brasil, do Marcos Caruso, da Maria Adelaide Amaral, entre outros. Para qual texto dramático brasileiro, de qualquer tempo, você recomendaria encenações constantes? Os textos de Gianfrancesco Guarnieri, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, o que já está acontecendo. Qual é a virtude que você mais preza no bom teatro? Prezo um texto muito bom, uma encenação simples, inteligente e, claro, interpretada por excelentes atores. O espetáculo tem que se comunicar com o público, tem de haver a troca, você tem que sair do teatro com alguma coisa a mais, tem que mexer por dentro. E quais problemas que a incomodam no mau teatro? O que mais me incomoda é que o teatro precisa de atores bons e bem preparados, com um bom texto e uma boa direção. Se isso não acontece, me incomoda muito.

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