Prêmio Princesa das Astúrias elege as 'performances' de Marina Abramovic

Artista sérvia explorou em sua obra "os limites do corpo e da mente em uma busca constante pela liberdade individual"

PUBLICIDADE

Por AFP
Atualização:

Considerada um ícone da 'performance', a sérvia Marina Abramovic foi agraciada esta quarta-feira, 12, na Espanha, com o Prêmio Princesa das Astúrias pelas Artes, por uma vida dedicada a obras impressionantes que mantiveram "uma busca constante pela liberdade individual". O prêmio, o primeiro de oito a ser concedido a indivíduos ou instituições proeminentes em vários campos em todo o mundo, foi anunciado depois que o júri se reuniu online devido à pandemia que atingiu fortemente a Espanha.  Nascida em 1946, em Belgrado, na então Iugoslávia, a artista explorou em sua obra "os limites do corpo e da mente por meio de 'performances' arriscadas e complexas em uma busca constante pela liberdade individual", segundo nota da imprensa da Fundação Princesa das Astúrias. 

A artista Marina Abramovic durante conferência em Belgrado Foto: AP/Darko Vojinovic

Para sua encenação deslumbrante, Abramovic jejuou por dias, dançou até a exaustão, perdeu a consciência no meio do fogo ou sentou-se por mais de 700 horas olhando nos olhos de quem queria estar na sua frente no The Artist is Present, apresentado no MoMa em Nova York.  Filha de guerrilheiros que lutaram contra o nazismo e posteriormente integraram o governo comunista de Tito, ela começou sua carreira como artista performática na década de 1970, após estudar na Academia de Belas Artes de Belgrado e depois na Academia de Zagreb. Seu parceiro de vida e trabalho foi o artista alemão Uwe Laysiepen, Ulay, de quem ele se separou em 1988, depois de cada um ter caminhado mais de 2 mil km desde extremos opostos da Grande Muralha da China.  Entre as suas obras mais célebres, está o Barroco dos Balcãs, em que se sentou sobre ossos de animais para os lavar durante dias, em sinal de luto pela guerra dos Bálcãs. Apresentado na Bienal de Veneza, ganhou o Leão de Ouro de melhor artista.  Em 2005, no Museu Guggenheim em Nova York, ela recriou as obras de artistas performáticos pioneiros em sete noites consecutivas. "A avó da 'performance'", como ela própria se classifica, continua ativa: em 2018, estreou como encenadora operística na Flanders Opera e, em 2020, estreou Seven Deaths of Maria Callas, uma montagem em torno da figura da diva. No início de 2010, um instituto com o seu nome foi criado em Hudson, Nova York, explorando a arte que ela popularizou e aperfeiçoou. Marina Abramovic foi escolhida para o prêmio entre 59 candidatos de 24 países.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.