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Pop perfeito

No domingo, para mais de 30 mil pessoas, o Radiohead mostrou que domina a arte de extasiar multidões

Por Livia Deodato e Jotabê Medeiros
Atualização:

Meia-noite do domingo, Chácara do Jockey, na zona sul de São Paulo. Mais de 30 mil ?Testemunhas? de Thom Yorke vão jurar de pés juntos que viram o show mais perfeito da história do pop no Brasil: In Rainbows, do Radiohead. Som fantástico, performance irretocável de uma banda, canções de encaixe assimétrico (mas preciso, uma regência harmoniosa de pausas, lamentos, gritos, silêncios, batidas, pulsação), mais simpatia genuína. Um repertório para lá de generoso, duas horas e 21 minutos de entrega total. Reclamar do quê? Reclamar da organização, que ia bem até o momento da saída do local. O público foi sendo espremido em direção a um único portão, sofrendo horrores. Depois, após ser estimulado a deixar carros em casa e procurar transporte coletivo, não encontrava táxis, ônibus nem vans para chegar aos estacionamentos. Duas horas foi o tempo médio para voltar para casa. Quem chegou às 14 h já estava ali havia 10 horas, mas não arredava pé: esperava ainda um último bis. Foi então que Thom Yorke voltou e mandou ver em Creep, seu maior hit. "Thank you, Brazil, for having us", disse. Do ponto de vista artístico, houve pouco do que reclamar (um telão que falhou, no máximo). Os fãs dos Los Hermanos puderam saudar o reencontro com sua banda preferida; os admiradores do Kraftwerk (cujo show realmente não funciona em arenas como aquela) também tiveram sua dose de protovanguardismo. O Radiohead parecia saber que São Paulo precisava de um tratamento diferente. E sabia, porque o grupo fez alterações no seu repertório momentos antes de o show começar. Após Paranoid Android, no primeiro bis, o previsto seria A Wolf at the Door (do disco Hail to the Thief), seguido de You and Whose Army? - no entanto, preferiram descartar Wolf para encaixar o megahit Fake Plastic Trees, que não foi ouvida pelos cariocas, e empurrar You and Whose Army? para o segundo bis. Depois de House of Cards, na parte derradeira do show, entrariam Street Spirit e Planet Telex, ambas então trocadas por You and Whose Army? Creep não estava no roteiro e foi adicionada de última hora, como o terceiro bis, para delírio dos fãs. Obrigado, Radiohead, por nos acolher. Setlist 15 Step (In Rainbows) There There (Hail to the Thief) The National Anthem (Kid A) All I Need (In Rainbows) Pyramid Song (Amnesiac) Karma Police (Ok Computer) Nude (In Rainbows) Weird Fishes/Arpeggi (In Rainbows) The Gloaming (Hail to the Thief) Talk Show Host (trilha do filme Romeu e Julieta) Optimistic (Kid A) Faust Arp (In Rainbows) Jigsaw Falling Into Place (In Rainbows) Idioteque (Kid A) Climbing Up The Walls (Ok Computer) Exit Music (Ok Computer) Bodysnatchers (In Rainbows) PRIMEIRO BIS Videotape (In Rainbows) Paranoid Android (Ok Computer) Fake Plastic Trees (The Bends) Lucky (Ok Computer) Reckoner (In Rainbows) SEGUNDO BIS House of Cards (In Rainbows) You and Whose Army? (Amnesiac) Everything In Its Right Place (Kid A) TERCEIRO BIS Creep (Pablo Honey)

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