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Polônia compra 'Dama com Arminho', obra inestimável de Leonardo da Vinci

Quadro, um dos quatro retratos femininos conhecidos do pintor, foi negociado através de acordo secreto

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Por Redação
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A Dama com Arminho, um dos quatro retratos femininos conhecidos de Leonardo da Vinci e a obra mais famosa exposta na Polônia, passou na quinta-feira, 29, para as mãos do Estado polonês através de um acordo secreto e espetacular. Após negociações confidenciais entre o Ministério da Cultura e a Fundação Czartoryski, que administra uma valiosa coleção, o quadro Dama com Arminho, pintado em Milão no final do século 15, deveria mudar de proprietário em uma cerimônia oficial prevista para as 13h GMT (11h de Brasília) no Castelo Real de Varsóvia. Em um anúncio prudente, o ministério se refere à "solução definitiva do estatuto da coleção dos príncipes Czartoryski". Mas o próprio ministro de Cultura, Piotr Glinski, falou em "compra". "A quantia pela qual o Estado polonês compraria esta coleção (...) não teria nada a ver com seu preço de mercado, seria várias vezes menor", declarou Glinski à rádio pública. O montante não é conhecido, mas os meios poloneses calculam que seja 230 milhões de euros.

'Dama com Arminho', obra de Leonardo da Vinci Foto: AP

O valor real da coleção, que contém milhares de objetos, entre eles o óleo Paisagem com o Bom Samaritano, de Rembrandt, é difícil de se calcular e pode ultrapassar dois bilhões de euros. A Dama com Arminho sozinha é segurada por 350 milhões, segundo os meios. Esta coleção, uma das mais antigas e ricas da Europa, foi fundada em 1801 pela princesa Izabela Czartoryska para reunir e conservar obras de arte polonesas e europeias quando seu país estava partido e ocupado por três potências vizinhas. Desde a queda do comunismo, a coleção pertence à Fundação Czartoryski, fundada e presidida pelo príncipe Adam Karol Czartoryski, e tem sua residência oficial no Museu Nacional de Cracóvia. O governo quer garantir que a coleção não saia nunca da Polônia, uma possibilidade que existe enquanto pertencer à fundação que será um dia controlada pelos herdeiros do príncipe de 76 anos, que não têm vínculos diretos com o país centro-europeu. "A intenção do ministro da Cultura é mantê-la na Polônia para as gerações futuras", disse o ministério em um email enviado à AFP. A negociação secreta com o Estado gerou fortes tensões com o conselho de administração polonês da Fundação, que reagiu renunciando. "O conselho não participou nas conversas, não teve nenhuma influência na redação do contrato nem na decisão sobre o futuro da instituição após sua venda ao Tesouro Público, nem na determinação do seu preço de venda que, segundo o que diz a imprensa, está longe do valor real" da coleção, lamentou o presidente que renunciou, Marian Wolkowski-Wolski.

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