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Police doma o tempo

Diante do Maracanã lotado, 70 mil fãs em festa, grupo inglês fez o maior show do ano no Brasil - em investimento, potência sonora e número de espectadores

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

O Police derrubou os meteorologistas, que anunciavam raios, trovões e um aguacéu diluviano no Rio de Janeiro para a noite de sábado. Não caiu uma única gota de chuva e o grupo inglês fez o maior show do ano no Brasil - em tamanho, investimento e potência sonora. O som possante enchia cada recanto do Estádio do Maracanã lotado - cerca de 70 mil pessoas, segundo o cantor Sting. Calor sahariano na noite carioca. A banda entrou às 21h32 no palco do Maracanã, com Sting gastando todo seu português logo de cara. "Que saudade do Brasil", disse o vocalista e baixista. Em seguida, apresentou os companheiros, sempre em português, e perguntou à platéia: "Querem cantar? Quem canta comigo?" Cada vez que o Police entra no palco, entra algo como US$ 1,5 milhão na conta de cada um deles. É o preço que se paga para que o passado desfile como se fosse novinho em folha diante dos nossos ouvidos. O Police acaba domando o tempo climático e também o tempo histórico - mesmo quem não gosta deles tem de se dobrar à sua competência. Sting faz exigências de astro excêntrico, pede sofás desenhados pelo francês Phillippe Starck para sua suíte de hotel, pede um violonista de chorinho para inspirá-lo antes do show. Mas, na hora do pau, à frente de 70 mil pessoas num Maracanã lotado, ele rala e dá o sangue. Surge em cena com um contrabaixo elétrico totalmente esfolado, a tinta carcomida, a madeira aparecendo, e um distintivo policial estranho na correia do instrumento. Stewart Copeland, com uma faixa na cabeça, sugerindo um tenista aposentado, é o pulmão da coisa toda. Parecem querer dizer: não é para a vida toda, mas estes caras nos aguardaram durante 25 anos, então vamos mostrar que nosso nome não se propagou mundo afora por manhas do acaso, que nós fomos realmente grandes. O Maracanã estava em júbilo. Garotas de shortinho bufante dançavam em torno dos namorados, o vascaíno estava abraçado com o flamenguista, o menino de 10 anos dormia no gramado enquanto o pai grisalho (eram muitos pais grisalhos, que esperaram 25 anos por aquela noite) vigiava e dançava com um pé só. O grande templo do futebol, que anuncia em seus quatro costados que será a sede da final da Copa do Mundo de Futebol de 2014, recebia em festa uma das lendas da música. Agora, os problemas: os telões laterais não funcionaram, e a área VIP, plantada em frente do palco, tomava muito espaço para poucos, enquanto no restante do gramado os fãs faziam filas gigantescas por banheiros e cervejas. Um montão paga os privilégios de um punhado. No fim, os vendedores já estavam vendendo cervejas em lata em outros lugares do estádio, burlando a vigilância dos organizadores. Na área vip, eis o saldo final: Rodrigo Santoro e sua loura Ellen Jabour a tiracolo, Luciano "Rolex" Hulk e Angélica, Marília Gabriela, Suzana Vieira, Preta Gil, Flávia Alessandra, Thiago Lacerda, Bruno Gagliasso, Glória Pires e Orlando Moraes, Priscila Fantin, Fernanda Paes Leme, Alinne Moraes, Sérgio Marone, Giovanna Antonelli, a miss Brasil Natália Guimarães, Eliana, Daniella Cicarelli e o indefectível Alemão do BBB.

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