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Perseguição e torpedos em alto-mar

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Por Redação
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Parte da história das duas grandes guerras mundiais permanece guardada nos destroços de 78 navios afundados na orla brasileira. Embora o conflito estivesse centrado na Europa, perseguições em alto-mar, torpedos, saques e tiros de canhão ocorreram em nossas águas, matando centenas de marinheiros. Uma história que hoje pode ser reconstituída nos mergulhos, principalmente na costa nordestina, onde se vê a destruição pessoalmente. O Nordeste foi o palco maior do conflito em nossos mares. Pelo menos 40 navios naufragaram em seu litoral e outros 24 foram interceptados naquela direção, mas ainda em alto-mar. A maioria foi abatida durante a 2ª Guerra Mundial. Da 1ªª, sobraram apenas cinco cargueiros - um deles pode ser visitado. O Santa Catharina, um paquete alemão, foi atacado na Bahia pelos ingleses quando tentava voltar à Europa em 1914. Acabou saqueado e explodido. Outro, o Eber, que descansa na Baía de Todos os Santos, foi incendiado e afundado pelos próprios marinheiros alemães, numa tentativa de impedir sua invasão no porto, em 1917. Se os naufrágios no primeiro conflito ficaram marcados por perseguições navio a navio, na 2.ª Guerra foram os submarinos que arrasaram as embarcações no Nordeste. O maior tirano foi o alemão U-507. Sozinho, ele torpedeou e levou a pique dez navios. Foi um estrago. Só dos dias 15 a 18 de agosto de 1942 ele destruiu seis embarcações brasileiras, entre Sergipe e Bahia. Acabou provando do próprio veneno em 31 de janeiro do ano seguinte, ao ser bombardeado por um avião americano perto do Piauí. Dos raros barcos que não foram destruídos e acabaram localizados, um fica em Alagoas e o outro, no Ceará, longe da costa. O primeiro é o Itapagé, que está a mais de 20 metros de profundidade, na Barra de São Miguel. "É um dos melhores locais de naufrágio do Brasil, por causa da água clara, da profusão de peixes e do belo cenário", conta o mergulhador Maurício Carvalho. Por isso, é um dos pontos mais procurados nas agências. Patrick Muller, dono da Atlantis Divers, ajuda a explicar o motivo: "Ele foi torpedeado quando carregava 2 mil garrafas de cerveja, louças e vidros, que ainda podem ser vistos." O outro é o Baron de Dechmont, navio inglês que teria sido abatido pelo U-507 em 3 de janeiro de 1943. Mas o passeio é restrito a profissionais, pelo grau de dificuldade.

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