PUBLICIDADE

Pequenos mundos de Jeanete Musatti

Nas caixas, objetos e instalações da artista faz-se espaço para a narrativa

Por Camila Molina
Atualização:

Em momento de tanta gritaria, velocidade, fugacidade, excessos de informações na cena contemporânea, a artista Jeanete Musatti cria uma arte de delicadeza e de convite para o espectador adentrar com sua sensibilidade - não que seja uma atitude propositalmente na contracorrente, isso é algo natural dentro da longa trajetória dessa criadora. "Faço minha arte sem querer estar dentro do contexto da arte contemporânea", diz Jeanete, que inaugura hoje na Galeria Nara Roesler a mostra Uma Exposição Dentro de Uma Exposição. Suas criações são de caráter extremamente intimista e silencioso (algo que faz falta ultimamente), todas elas com grande espaço para a narrativa e dentro do veio de "inversão de escalas", característica tão bem destacada pelo crítico Casimiro Xavier de Mendonça em livro de 1991 que detalha a obra da artista. Jeanete cria pequenos mundos em cada uma de suas obras. Muitas delas são caixas - algumas chegando à escala mínima, muito pequenas - em que a artista cria composições líricas, de homenagem à história da arte (no caso dessa mostra, há uma para o pintor alemão Caspar David Friedrich) e de construções de narrativas associando elementos figurativos dos mais diversos, como bonecos de plástico de maquetes, algodão, fotografias, pedras, etc. Mas há também criações que vão para o campo mais amplo escultórico como se pode ver na Tartaruga (2005), em que ela fez a representação do animal usando um casco recolhido há 30 anos e cristais - Jeanete vai recolhendo e colecionando as coisas das mais variadas durante anos, existe em sua produção esse caráter de colecionismo "no sentido museológico, de engavetar e proteger", como diz. Nessa exposição na Galeria Nara Roesler (que também exibe a mostra Otras Floras), uma parede é formada por 13 caixinhas, as Solitárias, que abrem espaço para tantas interpretações. Nesse ramo de criação com caixinhas se faz também a instalação Oxigênio, sobre uma mesa de fórmica; na série Delicadezas da Alma (em que as figuras, casais, estão imersas em composições com linhas de algodão) ou em Apia Regina, esta obra sobre o feminino. E um trabalho de grande impacto é a instalação sem-título em que trata de uma espécie de sonho trágico de uma bailarina, obra em que Jeanete expande o uso da fotografia. Serviço Jeanete Musatti. Galeria Nara Roesler. Av. Europa, 655, Jd. Europa, 3063-2344. 10 h/19 h (sáb., 11 h/15 h; fecha dom.). Grátis. Até 31/1

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.