Pela República, Contra a Monarquia

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Por Redação
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Perseverando na missão de fustigar o regime monárquico, Euclides, que logo regressaria ao Rio de Janeiro após breve temporada paulista, escreverá com frequência em A Província de S.Paulo, até a derrubada do trono em 15 de novembro de 1889. No presente artigo, expressa-se como um digno aluno da Escola Militar, consciente de que a corporação a que pertence, o exército, comanda no momento o processo político e será responsável pela deposição do imperador. Consequência da Questão Militar, tudo remonta à Guerra do Paraguai, quando de fato as forças armadas, antes fracas, dispersas, pouco profissionais e de pequena visibilidade, se tornaram o principal protagonista do País. Concluída a guerra, constatou-se que o comportamento dos militares mudara. Mostravam-se mais imbuídos do senso da própria importância e ansiavam por opinar sobre os destinos do País, enfrentando autoridades e desafiando a hierarquia. Deslanchando um processo que nada conseguiria reverter, infringiam a disciplina fazendo declarações em público, sobretudo através da imprensa. Punidos por seus superiores, passaram a desafiá-los e a transgredir as instruções recebidas. A crise foi se avolumando, com crescentes manifestações coletivas de descontentamento. No processo, o futuro marechal Deodoro da Fonseca, que viria a ser o primeiro presidente da República, iria assumir uma liderança inconteste. Ao tornar-se ele próprio alvo de punições, acarretaria a queda do ministro da Guerra, em seguida a de todo o gabinete, e por fim a do próprio imperador. Neste artigo, Euclides chama às falas os camaradas de armas adeptos do republicanismo, conclamando-os a assumir seu papel de revolucionários, cujo dever é primeiro destruir para depois construir. A seu ver, a democracia, pela qual optam, é calcada na ciência, e por isso sua objetividade não se discute. Ao mesmo tempo, têm uma missão ilustrada, pois a revolução que pretendem efetuar deverá se deter antes de passar a excessos, como o do Terror na Revolução Francesa. Esta, modelo sempre à vista na Escola Militar, onde era estudada em pormenor, fornece os requisitos para a definição do "cidadão armado", aquele encarregado pela História de implantar a democracia e a civilização - convicção jamais ausente dos escritos de Euclides.

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