Passado e presente por Joan Jonas

Artista americana pioneira da videoarte, um dos destaques dessa edição do evento, realiza performance hoje e amanhã

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Por Camila Molina
Atualização:

Desde sexta-feira passada a artista americana Joan Jonas está totalmente imersa nos preparativos da peça que vai apresentar hoje e amanhã, às 20 horas, na 28ª Bienal de São Paulo: a performance The Shape, The Scent, The Feel of Things (A Forma, O Aroma, A Sensação das Coisas). Nascida em 1936, em Nova York, ela é um dos nomes de destaque dessa edição do evento, uma das pioneiras, na década de 1960, da videoarte. A performance que vai apresentar durante cerca de 1h10 no piso térreo do prédio, no amplo espaço circundado por cortinas onde ocorrem os espetáculos que fazem parte da programação desta edição da bienal, é uma peça criada em 2004, inspirada nos relatos sobre a viagem do historiador de arte alemão Aby Warburg ao sudoeste dos EUA no século 19. "O que ele viu influenciou toda a sua visão da história da arte ao comparar culturas diferentes. Nos anos 60 eu estive nesses mesmos lugares por onde ele passou e criei essa peça sobre a inter-relação entre culturas para o tempo presente", diz Joan, pela primeira vez no Brasil. Nos mesmos anos 60 a artista decidiu que não mais se dedicaria à escultura, seu gênero de formação, porque "fazer objetos" era para ela um meio reduzido dentro do que queria dizer com sua arte: "algo mais complexo". "Desde aquela década comecei a fazer vídeos, conectando também a poesia. Ao mesmo tempo, a idéia de performance está incluída na vontade de dizer coisas mais complexas porque são várias formas que posso combinar", diz. The Shape, The Scent, The Feel of Things - citação do poema Helen in Egypt, da poeta americana Hilda Doolittle - é uma mistura de vários elementos: a narrativa baseada nos escritos do alemão Warburg (rituais e suas experiência nos EUA foram descritos 30 anos depois por ele); música, composta pelo pianista de jazz Jason Moran (tocada ao vivo no piano e por sinos colocados no espaço); duas grandes videoprojeções; um cenário; e a ação de quatro performers - entre eles, a própria Joan Jonas, que vai fazer pinturas no chão (de uma cobra) e desenhos (de borboletas). "A obra fala da nossa relação com o ritual, com a contemplação e a tecnologia. Warburg dizia no século 19 que não havia mais um espaço para a contemplação porque tudo era veloz e industrial", afirma Joan, recusando a idéia de que sua peça seja nostálgica. "Olho o passado, os artistas estão fazendo isso o tempo todo". CONFERÊNCIA DRAMATIZADA Anteontem à noite a atriz Marisa Orth fez sua participação na 28ª Bienal, "vazia demais", realizando no auditório uma "conferência dramatizada" com o espanhol Javier Penãfiel: leram a Agenda do Fim dos Tempos Drásticos criada pelo artista, um dos residentes do evento. Serviço 28.ª Bienal. Fundação Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.º, Pq. do Ibirapuera, 5576-7600. 3.ª a dom., 10h/22h. Grátis. Até 6/12

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