Para ver a estrela de Baden aparecer

Ao lado da Jazz Sinfônica, Marcel Powell engrandece obra do pai e mostra composições de seu disco mais recente

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Por Lucas Nobile
Atualização:

As composições de Baden Powell (1937-2000) já provaram ser diversificadas e versáteis o bastante para irem além de serem obrigatórias e referenciais apenas para jovens estudantes de violão. Neste final de semana, o público de São Paulo tem a oportunidade de conferir que o repertório do violonista pode soar bonito também para arranjos orquestrais. Os encarregados da homenagem são a Orquestra Jazz Sinfônica e o filho do compositor, o violonista Marcel Powell. Não apenas com herança genética, mas com muito talento, os filhos de Baden têm contribuído frequentemente para engrandecer ainda mais a obra do pai. Hoje e sábado, o caçula Marcel, de 27 anos, sobe ao palco do Auditório Ibirapuera pouco mais de dois meses depois de seu irmão, o pianista Philippe Baden Powell ter apresentado na mesma casa o fabuloso Afrosambajazz, disco gravado com Mario Adnet, evidenciando toda a influência que Baden teve de seu professor Moacir Santos. "Meu pai foi influenciado por muitos estilos: o choro, o jazz, o erudito, principalmente com Bach. Isso tudo se mesclava e dava o resultado de suas composições. Eu ainda não ouvi o roteiro das músicas dele que a orquestra vai tocar, mas acredito que o que deve aflorar mais para o público nessas apresentações é a influência da música clássica", diz Marcel. Apresentado à Jazz Sinfônica pela amiga e cantora Fabiana Cozza, Marcel fará dois números para violão-solo, Chora Violão (Baden Powell) e Prelúdio das Diminutas (Baden e Marcel Powell), que foi gravada em seu primeiro disco-solo, Aperto de Mão, indicado para o Prêmio TIM de Música Popular Brasileira de 2006, na categoria Revelação. Em seguida, tocará com a orquestra cinco músicas de outros autores: O Morro Não Tem Vez (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo), Bala com Bala/ Incompatibilidade de Gênios (João Bosco), Essa Mulher (Joyce) e Pot-pourri Nordestino: Lamento Sertanejo/ Feira de Mangaio (Gilberto Gil, Dominguinhos/ Sivuca e Glória Gadelha), temas gravados no disco recém-lançado de Marcel, Corda com Bala. "Estou muito satisfeito de poder estrear com a Jazz Sinfônica já com meu CD novo", diz Marcel. Antes disso, a orquestra tocará sem o violonista composições antológicas de Baden e Vinicius de Moraes, como Samba em Prelúdio, Pra que Chorar, Canto de Ossanha e Labareda. As duas últimas terão acompanhamento das jovens cantoras Juliana Amaral e Tatiana Parra. "Em relação à música brasileira, certamente meu pai não influenciou só a mim, que tive aula com ele, mas também a toda uma geração", comenta o violonista. Um legado excepcional, que já impressionava os contemporâneos, como Nelson Ayres, que assina os arranjos da homenagem ao lado de Maurício de Souza, Fernando Corrêa, Fábio Prado, Marcelo Ghelfi e Rodrigo Morte. Apenas o primeiro número do show, Luz Negra (Nelson Cavaquinho) terá regência de Cyro Pereira, que depois cederá lugar ao convidado Carlos Prazeres. Serviço Marcel Powell. Auditório Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, Pq. do Ibirapuera, tel. 3629-1075. Hoje e amanhã, 21 h. R$ 30

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