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Os 50 anos do traço de Mauricio

Criador da Turma da Mônica será homenageado por uma série de eventos

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Mauricio de Sousa é capaz de dar a volta pelo mundo em poucos minutos - pelo telefone, acerta um contrato com a China; via e-mail, responde a uma consulta de empresários americanos; sob sua mesa, no estúdio que mantém na Lapa, estão revistas publicadas na Indonésia com seus personagens. O criador da Turma da Mônica mantém uma rotina espartana para manter a qualidade de um produto que vai completar 50 anos no dia 18 de julho - foi nessa data, em 1959, que saiu publicada a primeira tirinha, com Bidu e um menino que, com o tempo, se transformou no Franjinha. "Foi uma longa jornada, na qual aprendi muita coisa sozinho", conta Mauricio, hoje no comando de uma empresa que lidera 80% do mercado de quadrinhos no Brasil, além exportar para 126 países não apenas revistas, mas produtos como livros, material escolar, brinquedos e também desenhos para cinema, televisão e até celular. Os 50 anos serão comemorados ao longo de um ano, a partir de 18 de julho, com eventos diversos (veja nesta página). Um dos mais originais será a publicação do livro MSP 50, que significa Mauricio de Sousa Por 50 Artistas Brasileiros, um trocadilho com a sigla da empresa, Mauricio de Sousa Produções. "Convidei 50 artistas para cada um recriar seu personagem preferido de acordo com o traço próprio", conta Sidney Gusman, organizador do volume, que contará com desenhos de Ziraldo, Laerte, Renato Guedes, Gabriel Bá e Fábio Moon, entre outros. "Quase todos confessaram ter aprendido com o Mauricio." De fato, aos 73 anos e pai de dez filhos, Mauricio de Sousa busca informações no seu dia a dia. "Quando comecei, jovem ainda, a única experiência que realmente dominava era a minha relação com um cãozinho, daí o Bidu ter sido o primeiro personagem. Em seguida, ao observar o comportamento das minhas filhas, consegui me sentir seguro para criar a Mônica, a Magali. E hoje ainda observo os pequenos e suas relações com a tecnologia para ficar sempre atualizado." Foi a partir de tal observação que Mauricio vislumbrou o passo seguinte à Turma da Mônica, ou seja, iniciar uma coleção com os personagens já adolescentes. Mais: notou a voracidade com que os jovens brasileiros devoravam quadrinhos em mangá e decidiu criar a Turma da Mônica Jovem que, agora em seu décimo número, tem uma tiragem média de 200 mil exemplares. É pela editora Panini que Mauricio desdobra seus projetos, que incluem livros e coleções. Antes, ele passou pela Editora Abril, onde começou a publicar em 1970, e Globo (1988). "Foram grandes parceiros, mas, em um determinado momento, senti falta de mais fôlego nos investimentos." Ele, de fato, é insaciável. Depois de uma frustrada negociação com a TV Globo nos anos 1990, Mauricio pretende retomar a produção de desenhos para telas pequena e grande. Na televisão, ele negocia com o canal Discovery um programa com bonecos, semelhante ao Vila Sésamo. No cinema, o esquema envolve parceria com produtoras de diversos países, cada uma cuidando de um personagem. "Assim, teremos vários filmes em um mesmo tempo." E os quadrinhos continuam na pauta: já há um projeto de histórias do Penadinho com o traço tridimensional. "Quero agora investir em educação", conta Mauricio, que já acertou com a China conteúdos sobre a história do Brasil. "Eles se interessaram, por exemplo, sobre o descobrimento do nosso País. Quero fazer isso também aqui."

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