02 de dezembro de 2019 | 17h11
Nesta segunda, 2, completam-se 130 anos do nascimento de Anita Malfatti, importante pintora do cenário da arte contemporânea brasileira. Morta em 6 de novembro de 1964, a artista se tornou referência no Brasil e no mundo. Em homenagem ao seu aniversário de nascimento, o Estado fez um pequeno guia com fatos importantes, principais características e onde ver algumas de suas obras, que estão espalhadas pelos museus de São Paulo.
Além de pintora, ela também era desenhista, ilustradora, poeta e professora. Devido a uma deficiência no braço direito, Anita se viu obrigada a fazer seus trabalhos valendo-se da mão esquerda. Brasileira nascida em 2 de dezembro de 1889, na cidade de São Paulo, a jovem artista passou uma longa temporada na Alemanha e nos Estados Unidos, onde fez algumas de suas obras mais importantes, como O Farol (1915), Academia - Torso de um Homem (1912) e O Homem Amarelo (1915).
Cheia de bons frutos na Europa, foi seu retorno para o Brasil, em 1917, que marcou a sua carreira. Neste mesmo ano, a jovem organizou a sua primeira exposição em seu país natal. O local escolhido, alvo de mistério por muitos e muitos anos, foi depois revelado como sendo um salão na rua Líbero Badaró, número 111, no centro de São Paulo.
Estava tudo pronto para no dia 2 de dezembro ela apresentar algumas de suas obras mais famosas. Porém, a 'revelação' não foi tão bem quanto se imaginava. Monteiro Lobato, autor do Jeca Tatu e do Sítio do Picapau Amarelo, não gostou das obras da artista - aliás, ele não gostava de nenhuma das obras dos modernistas. A crítica, publicada nas páginas do Estado, questionava se a “arte anormal” de Anita nascia com a “paranoia e com a mistificação" da artista.
Contudo, apesar das palavras rudes, uma coisa o escritor reconhecia bem: o “talento vigoroso” e “fora do comum” da jovem nascida em São Paulo. No futuro, mais precisamente em 1950, a própria Anita iria contar divertindo-se que "havia tal ódio geral [com a crítica de Monteiro] que um amigo de casa ameaçou meus quadros com a bengala, desejando destruí-los”. Como resultado, cinco das oito telas que estavam em exposição foram devolvidas pelos seus respectivos compradores.
Mas o fato não prejudicou a carreira da pintora. Nesse meio tempo, ela fez a Paisagem de Santo Amaro (1920), Fernanda de Castro (1922) e Mário de Andrade I (1922), esta última em homenagem a figura icônica de mesmo nome, que junto de Oswald de Andrade, incentivou Anita a participar da Semana de Arte Moderna de São Paulo em 1922 - fato que entraria para a história da carreira da artista.
Com a fama deslanchando, ela fez mais uma série de obras que passariam a fazer parte da história da arte brasileira, como O Porto de Mônaco (1925), Mulher do Pará (1927) e Samba (1945).
Veja algumas de suas principais obras:
Modernista assumida, isso não impediu Anita de brincar um pouco com as diferentes correntes artísticas em sua carreira. Em determinados momentos, fica muito clara a influência do expressionismo alemão em suas obras. Ela também 'flertou' com o regionalismo e o renascentismo, mistura essa que intrigava os pintores do movimento pelo qual ela foi 'apadrinhada'.
Dessa mistura, nasceu algumas das principais características das obras da artista, entre as quais destaca-se:
Atualmente, não há nenhuma exposição em curso da artista, no entanto, para aqueles que quiserem conhecer ou mesmo rever algumas de suas obras, ela tem quadros expostos nos acervos dos maiores museus de São Paulo. É o caso da:
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