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Odilon Moraes revisita traço vitoriano para criar princesa

Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Odilon Moraes forma, ao lado de Nelson Cruz e Fernando Vilela, o trio de ilustradores que mais tem ousado ao criar livros teoricamente destinados ao público infantil - mas que os adultos adotam escondidos dos filhos. Odilon ilustrou, além do citado O Homem Que Sabia Javanês, uma crônica de Mário de Andrade que virou um livro (Será o Benedito!) destinado a fazer a criança refletir sobre relações interraciais no Brasil. Nelson Cruz, além de ter assinado a ilustração do clássico Conto de Escola, de Machado de Assis, acaba de lançar uma edição renovada do primeiro livro de poemas (1943) escrito para o público infanto-juvenil no Brasil, O Menino Poeta (Editora Peirópolis), da mineira Henriqueta Lisboa. Finalmente Fernando Vilela explora seu ecletismo fazendo tanto xilogravuras para um conto da mitologia russa (Ivan Filho-de-Boi) como alterando o projeto gráfico original de um livro de Prévert (Contos para Crianças Impossíveis), adaptando-o à sintaxe visual dos cartazes de 1968. O que caracteriza o trabalho desses três artistas é a liberdade. Em A Princesinha Medrosa, Odilon Moraes não teme revisitar a ilustração inglesa vitoriana (especialmente Edward Lear) para criar a delicada história de uma princesa rica, poderosa e um tanto ditadora que descobre a felicidade nas coisas simples. Tudo tem a atmosfera de um história antiga, como devem ser os contos de princesa. Mas seu traço é ousado, contemporâneo, visionário.

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