O historiador de arte Douglas Crimp apresenta livro de memórias dos anos 1970

Autor de 'Sobre as Ruínas do Museu', que será relançado no Brasil, ele faz palestras e participa de encontro neste sábado em São Paulo

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Por Camila Molina
Atualização:

Atualizada em 12/5, às 17h45

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O título do livro Sobre as Ruínas do Museu (Editora Martins Fontes - Selo Martins), do historiador de arte e curador norte-americano Douglas Crimp, tem duplo sentido – pode indicar, de início, um viés pessimista, mas, na verdade, refere-se, diz o autor, ao constante processo de mudança e reconstrução vivido pelas instituições museológicas.

A obra de 1993, reunião de ensaios do crítico motivados pelo modo como a fotografia era, então, abraçada pelos museus, ganhou, em 2005, uma edição brasileira, atualmente, esgotada. O editor Evandro Martins Fontes garante que uma reedição desse trabalho referencial sairá em setembro, para a Bienal do Rio, mas, até lá, Douglas Crimp veio ao País para apresentar um pouco de sua trajetória e seu mais recente projeto, Before Pictures.

O historiador de arte e crítico norte-americano Douglas Crimp, em São Paulo Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

“É um livro híbrido de memórias de Nova York na década de 1970 e de pensamento crítico que estou concluindo, determinado por trabalhos profissionais desde quando comecei, no Guggenheim, e trabalhei para o estilista Charles James, que fazia, na época, alta cultura nos EUA”, conta o consagrado historiador, que neste sábado, 9, às 15 horas, estará no Jardim Míriam Arte Clube (Jamac), coordenado pela artista Mônica Nador, para uma conversa pública com transmissão ao vivo pela internet. Na ocasião, ele será entrevistado pelo jornalista e professor da PUC-SP, Fabio Cypriano, e pela pesquisadora Maristela Bizarro.

Curador, em 1977, da mostra Pictures, no Artists Space, marco de sua carreira, e ex-editor da revista October, o autor de publicações sobre os filmes de Andy Warhol e artistas como Joan Jonas (que, atualmente, representa os Estados Unidos na 56.ª Bienal de Veneza), Crimp, de 70 anos, professor da Universidade de Rochester, é também referência dos estudos da cultura gay pela obra Melancolia e Moralismo: Ensaios sobre Aids e Política Queer

Visitantes da 56.ª Bienal de Veneza na instalação de Joan Jonas no Pavilhão dos EUA Foto: Domenico Stinellis/AP

Se, na época em que lançou Sobre as Ruínas do Museu, o crítico e teórico estava interessado, especificamente, na fotografia na prática artística e como objeto de aquisição de instituições, atualmente, sua atenção está voltada para a dança no mundo da arte. “A noção tradicional que temos de um espectador de museus, que contempla uma pintura, não se adequa aos espectadores de corpos”, afirma Crimp, que falou com o Estado na quinta-feira, 7, em São Paulo, antes de partir para uma palestra na Unicamp – na terça-feira, 5, ainda, ele havia participado de um encontro público no Ateliê 397, na Vila Madalena.

Douglas Crimp aponta que os espaços museológicos ainda não estão preparados e equipados para colocar o “fenômeno” da dança em seus espaços expositivos, apesar de já existir uma “história” do gênero no museu – tendo como destaques, por exemplo, o pioneirismo do coreógrafo Merce Cunningham e atuações de Trisha Brown e Yvonne Rainer.

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Para o crítico, a “complexidade” do tema já está sendo tomada pelas instituições, abertas à aquisição de obras de dança, como ocorreu recentemente no Guggenheim, que comprou um trabalho da dupla Gerard & Kelley. Entretanto, a preservação e exibição de peças do gênero não podem cair, considera, na prática que a artista Marina Abramovic vem realizando com suas criações históricas de performances – pagas para serem encenadas por outras pessoas. 

“Ela se tornou uma supercelebridade, não apenas no mundo da arte, o que considero ridículo e me faz repensar sobre seus trabalhos antigos”, afirma Crimp. Em sua visita ao Brasil, ele ainda vai a Minas Gerais conhecer o Instituto Inhotim e Ouro Preto – e está também interessado em se aprofundar mais nas obras de Lina Bo Bardi.

SERVIÇO:

ENTREVISTA COM DOUGLAS CRIMP. JAMAC. RUA Maria Balades Corrêa, 8, Jardim Míriam, tel. 3409-9076. Hoje, sábado (9/5), 15 h, com transmissão ao vivo pelos linkshttp://jamac.org.br e http://goo.gl/txHvwu (facebook)

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