O baiano Caetano em terra estrangeira

Coração Vagabundo, hoje no Rio, revela intimidades do cantor em suas turnês

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

O diretor paulistano Fernando Grostein Andrade diz que sempre o incomodou o uso da expressão ''baiano'' para significar algo cafona em São Paulo. Foi essa questão que o fez decidir realizar Coração Vagabundo, documentário sobre Caetano Veloso, que foi exibido domingo no festival É Tudo Verdade, em São Paulo, e passa hoje no mesmo evento no Rio. ''Quando vi o Caetano ali em Nova York, fazendo algo inédito para qualquer cantor não erudito no mundo, isto é, uma semana de shows no Carnegie Hall, com um reconhecimento incrível de todas as partes, pois bem, foi aí que decidi fazer um filme resposta a essa expressão babaca. Tá aí o que um ''baiano'' pode fazer.'' Programação completa do festival Além de Nova York, as câmeras seguem Caetano por Osaka, no Japão, onde um monge budista o surpreende ao dizer que adora sua canção Coração Vagabundo. A princípio, o filme parece um registro de e para fãs, mostrando Caetano no estrangeiro e na intimidade, inclusive com uma rápida cena de nudez, mas se desenvolve revelando aspectos mais interessantes. Caetano se diz triste naqueles dias, fala até do desejo de ser enterrado na cidade natal, ao lado do pai e de uma filha, que morreu recém-nascida. Mas também responde a uma provocação gerada por Hermeto Pascoal tê-lo chamado de ''musiquinho'', replicando a opinião de Caetano sobre a música americana, para ele ''a mais forte e mais importante do século 20''. O filme também tem depoimento marcante de Pedro Almodóvar, além de participações de David Byrne e Michelangelo Antonioni.

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