Novo CD soa ultrapassado, com letras sem imaginação

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Por Crítica Jotabê Medeiros
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As guitarras são bem tocadas, a bateria é das melhores, a voz do cara à frente é boa e bem colocada e potente. Mas então, por que o disco novo do Queen é tão ruim? Bem, por diversas razões, a primeira delas porque é um pop-rock ultrapassado e com letras sem imaginação, mais para Air Supply do que para o velho Queen. Apesar da excelência dos seus artífices, a criatividade ficou de fora desse Cosmos Rockin?, que está sendo lançado no País simultaneamente à passagem da nova turnê do grupo pela EMI (acompanha um DVD de uma hora com imagens do show da banda no Japão, aí sim com os velhos sucessos do Queen do tempo de Freddie Mercury). Quando o novo Queen é mais pesado é bem melhor. É o caso da faixa Still Burnin?, a única que se salvaria desse lote de 14 canções novas. "Ainda queimando, ainda berrando, ainda dando um rolê. Melhor do que nunca, cara. Ainda dançando, ainda pilotando, mergulhando no céu. O rock''n''roll nunca morre", diz a letra. Bom, pode ser que o rock?n?roll não morra jamais, mas que ele fica baleado ele fica. Chris Jones, da BBC, escreveu que o Queen era como um híbrido de Led Zeppelin e de Royal Opera House, por conta de sua cozinha de peso e seu senso teatral, operístico. Perdendo-se essa possibilidade, o novo Queen está mais próximo de um travesti em um show de boate decadente imitando seus ídolos, uma Gloria Gaynor com pegada de blues rock. Há algumas tentativas de crítica social e política, como em C-lebrity e Warboys, mas que soam inócuas, meio tardias, sem fundamento. Os veteranos do Queen + Paul Rodgers têm todo o direito de tentar uma nova vida, e é salutar que tenham resolvido gravar um disco com canções inéditas, inovando com algum tempero reggae (Call Me) e condimentos tex mex (Voodoo). Mas ainda não foi dessa vez que acertaram o ponto de cozimento.

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