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Nova York comemora reabertura do Metropolitan Museum

Clima no museu é indício de que Nova York volta à vida depois de quase seis meses de pandemia

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Por Redação
Atualização:
Metropolitan de Nova York recebe os primeiros visitantes depois do coronavírus Foto: Carlo Allegri/Reuters

Visitantes com os braços levantados em sinal comemoração, aplausos e filas ao pé dos mostradores: o Metropolitan Museum reabriu as portas ao público neste sábado, 29, em um clima festivo, um indício para muitos de que a maior metrópole dos Estados Unidos volta à vida depois de quase seis meses andando em um ritmo desconhecido por causa da pandemia.

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"Sou um grande fã dos museus e estou absolutamente emocionada por estar aqui. É um momento realmente importante para a cidade, tudo está começando a voltar à vida", disse à AFP a nova-iorquina Michelle Scully, de 39 anos, uma das primeiras a voltar ao imponente edifício da Quinta Avenida, a um lado do Central Park. Nova York é "a melhor cidade do mundo e estamos aqui, não vamos embora: será ainda melhor do que antes", acrescentou.

Assim como centenas de pessoas, esta mulher de origem canadense fez fila desde as 10h locais (11h de Brasília) e cumpriu, sorridente, com as novas regras sanitárias - uso de máscaras, checagem da temperatura e reserva - para poder ver o Templo de Dendur e os tesouros, do antigo Egito à arte contemporânea.

Chris Martinetti, de 34 anos, e sua mulher, que vieram do bairro do Queens, voltaram a "seu lugar favorito", o museu onde tiveram o primeiro encontro há mais de cinco anos.

Tracy-Ann Samuel veio da cidade vizinha Connecticut com as filhas de quatro e nove anos, ansiosa por estar mais uma vez "rodeada de belas obras de arte", que considera uma "terapia para a alma".

A reabertura "significa que há uma aparência de normalidade", disse. E acrescentou: "o Met faz parte da história de Nova York durante 150 anos (...) É um primeiro passo importante".

Durante semanas, o Met viu seus grandes similares europeus, como o Louvre, reabrirem suas portas.

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Mas as autoridades de Nova York, que registrou um número recorde de mais de 23.600 mortes, especialmente na primavera no hemisfério norte, agiram de forma muito cautelosa para conter a pandemia.

A reabertura dos museus foi permitida a partir desta semana. O MoMA reabriu na quinta, 27, limitado a 25% de sua capacidade. 

Visitantes na reabertura do Metropolitan Museum of Art de New York Foto: Kena Betancur/AFP

Durante este tempo, os funcionários do Met aproveitaram para aprender com seus colegas e estão tranquilos ante a possibilidade de uma "segunda onda" de covid-19. "Ouvimos o que está acontecendo em outros lugares e sabemos que (reabrir) de forma segura não é tão difícil", disse à AFP Daniel Weiss, presidente do museu.

Também houve tempo para adaptações ao movimento histórico contra as desigualdades sociais que agita os Estados Unidos desde a morte do afro-americano George Floyd, no fim de maio. O museu apresenta uma nova exposição dedicada ao artista Jacob Lawrence (1917-2000), refletindo um museu "mais inclusivo" com a comunidade negra, segundo Weiss.

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O déficit desta instituição, que depende mais do que os museus europeus da bilheteria e que comemoraria seu 150º aniversário com um grande evento em abril, é, no entanto, "muito substancial": uns US$ 150 milhões em perdas em 18 meses, disse Weiss. 

Após o desaparecimento dos turistas, o museu teve que reduzir suas despesas e cortar cerca de 20% de seus 2.000 funcionários. E agora terá que lidar por meses com as limitações de capacidade: neste sábado eram aguardadas de 7 mil a 10 mil pessoas contra 30 mil a 40 mil em um sábado "normal" de agosto.

Mas o Met poderá sobreviver, afirmou Weiss, por ser "uma grande instituição". "Estou muito mais preocupado com as pequenas", disse. 

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Embora alguns vejam o futuro sombrio, vendo o êxodo de milhares de nova-iorquinos endinheirados ou a queda de distritos comerciais como indícios de que Nova York estaria "acabada", Weiss está convencido, como muitos, de que a cidade ressurgirá.

Dos atentados de 11 de setembro de 2001 ao furacão Sandy em 2012 e à crise financeira de 2008, "Nova York passou por muitas, muitas coisas", disse. 

"Acho que todos querem ver os turistas voltarem (...) Quando isso ocorrer, estaremos prontos", assegurou.

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