Nova bossa é misturar disciplinas

Maior Integração de artes diversas dará a tônica da programação do CCSP

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Por Camila Molina
Atualização:

A nova cara da programação do Centro Cultural São Paulo é a de ter cada vez mais projetos multidisciplinares. A instituição inaugura no dia 15 o "filhote" de seus projetos de "integração das artes", o Zona de Risco, um programa de residências no Espaço Cênico Ademar Guerra, no subsolo do prédio. Durante três meses, o coletivo Bijari, de artes visuais; a Cia. Maurício de Oliveira e Siameses, de dança; a Cia. Phila 7, de teatro; e a dupla de artistas Ricardo Carioba e Muep Etmo, que criam trabalhos sonoros, dividirão o espaço para a concepção de quatro espetáculos. "Como é o início do projeto, nós escolhemos os grupos, mas, a partir das próximas edições, a seleção será feita por um edital público, com júri formado por três representantes externos à instituição e dois outros internos", como diz Fernando Oliva, desde abril diretor de curadoria da instituição. O Zona de Risco ocorrerá duas vezes por ano, oferecendo aos grupos - "de qualquer tipo de linguagem" - não só o espaço (que é amplo, tem arquibancada móvel e antes era dedicado apenas ao teatro), como ainda uma verba de R$ 8 mil para cada participante criar in loco seus espetáculos. O projeto ainda prevê encontros periódicos com os selecionados e a plataforma de um blog "para reflexão" dos grupos durante o processo de concepção das peças. O CCSP, órgão municipal dirigido desde 2006 por Martin Grossmann, tem uma verba anual de cerca de R$ 1,2 milhão para suas atividades culturais - no ano passado, foram feitos em torno de 800 eventos na instituição, 90% deles gratuitos, nas áreas de música, cinema, teatro, artes visuais, dança, literatura, etc. O processo de reformulação das atividades do CCSP já vem ocorrendo desde 2006. A primeira diretora de curadoria, cargo criado para dar impulso à oxigenação da programação, foi Carla Zaccagnini, que já promoveu algumas mudanças, principalmente na área de artes visuais. Outra mudança candente na instituição foi mesmo uma ativação de novos espaços do prédio, o deslocamento das seções de acervos (ricos, entre eles, da Missão Popular de Mário de Andrade) do CCSP numa espécie de Praça de Bibliotecas, como também a criação de programação que use as coleções da instituição como base. Nesse sentido, destaques são os projetos Paradas em Movimento (já em atividade), plataformas audiovisuais que apresentam obras do Arquivo Multimeios (de cinema e dança) e, a partir de agosto, o Paradas de Escutas, pontos com play disc para apresentar peças da discoteca do Centro Cultural. Como parte da reestruturação da programação do CCSP proposta pela gestão de Grossmann, a área de dança teve recentemente encerrados os seus tradicionais ciclos Feminino e Masculino na Dança. "Acreditamos que não existe mais uma questão de gênero", afirma Fernando Oliva. Para tanto, a instituição também inaugura no próximo semestre dois novos projetos em um setor (dança) que, segundo o diretor de curadoria, vem aumentando em quantidade de eventos e de público (em 2008, foram 31 espetáculos vistos por 19 mil pessoas). O primeiro é Novos Coreógrafos - Novas Criações: Site Specific, voltado à seleção de seis jovens coreógrafos ou grupos, cada um recebendo um cachê de R$ 6 mil mais recursos para produção e ainda espaço para conceber um espetáculo pensado para alguma localidade do CCSP. Outra atração será o programa Ei! - Encontros de Improvisação, que ocorrerá todas as terças-feiras, ao meio-dia, ocupando o lugar do já existente Jam de Dança. Serão como oficinas de dança para o público chegar e fazer livremente, atividade numa fronteira entre espetáculo e aula, algo "democrático". Já na área de publicações, o CCSP tem projeto de fazer uma revista e criar um grupo de reflexão com sete jovens críticos.

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