No Tempo de Miltinho, a vida do rei do sambalanço

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

Esse 2008 é mesmo de festas. Para Miltinho, tem sido só emoção. Começou logo em janeiro, com uma grande comemoração de seus 80 anos, seguida do lançamento da coletânea Miltinho - Samba e Balanço, caixa com dois CDs com gravações suas pela Odeon. Hoje, durante o Festival de Cinema do Rio, estréia o documentário No Tempo de Miltinho, do diretor André Weller. "É uma honra que não sei se mereço", diz o rei do sambalanço, aos mais de 60 anos de carreira. A intenção de Weller não era biografar Miltinho, e sim explorar o que ele tem de mais singular: seu jeito de cantar, cheio de suingue e, até hoje, moderno. "Há 20 anos, quando eu tinha 16, vi um programa de TV em que o Miltinho cantava. Eu não tinha referências de quem era. Eu me perguntei: quem é esse homem com essa maneira diferente de cantar?", lembra. "Meus pais me disseram que era o Miltinho. De lá para cá, não encontrei ninguém como ele." No filme, entre seus clássicos - Palhaçada, Mulata Assanhada, Eu Quero um Samba, Meu Nome É Ninguém, Mulher de Trinta, Só Vou de Mulher -, ele explica sua técnica: "Não canto na cabeça da nota, e sim dois tempos atrasado, com a harmonia na frente." Enfatiza que é ritmista - "fui o primeiro pandeirista de conjunto vocal no Brasil que tocou e cantou" - e que tudo na vida tem ritmo. "Se você bobear, tropeça e cai." Weller resgatou imagens de arquivo desde a década de 1940, em que Miltinho aparece com os companheiros do grupo Anjos do Inferno. Chamou admiradores, Zeca Pagodinho, Zé Renato, Elza Soares e Peri Ribeiro, que deram depoimentos sobre ele. "Falar do Miltinho é difícil: voz boa, dicção boa, simpatia...", elogia Zeca, que o convidou a participar do projeto Acústico MTV 2: Gafieira. "Ele tem ritmo até na ponta da orelha!", brinca Elza, que gravou com o cantor, nos anos 60, a série de discos Elza, Miltinho e Samba. "Meu tempo é agora. Se continuo cantando até hoje, é porque sou daquele tempo e do tempo de hoje", acrescenta Miltinho.

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