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No Canal Brasil, a chance para redescobrir Lavoura Arcaica

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Há uma tentação da forma na produção audiovisual de Luiz Fernando Carvalho, seja ela feita para TV ou cinema. Aclamado como o mais ousado, original e criativo diretor da televisão brasileira, Carvalho acaba de mostrar, na Globo, seu trabalho mais recente - a releitura de Dom Casmurro, de Machado de Assis, que resultou na microssérie Capitu. Mais do que o mistério do adultério de Capitolina, Carvalho, por meio de suntuosas imagens de ópera-rock, decifrou outro enigma - como todo personagem machadiano, Bentinho vive uma realidade projetada segundo suas necessidades interiores e é enganado/devorado pelas aparências, mais do que pela mulher. O Canal Brasil exibe hoje, às 22 h, Lavoura Arcaica, de 2001. A adaptação do romance de Raduan Nasser permanece como a única experiência do diretor no cinema. Luiz Fernando Carvalho usa a família, tema universal, para construir um mundo particular. Um dos irmãos ama a irmã. Para fugir ao incesto, ele abandona a família. Sua partida deflagra a desagregação do grupo. ?Teatral?, ?frio?, formalista? foram adjetivos empregados para definir Lavoura Arcaica, que surgiu na corrente de outros filmes sobre família e pais (e mães) autoritários - Bicho de Sete Cabeças, As Três Marias e outros. Em todos, existe a cena da família reunida à mesa. Nenhum desses pais é mais poderoso do que Raul Cortez. Há dez anos, Lavoura Arcaica marcou o encontro entre os atores Selton Mello e Leonardo Medeiros e o jovem Lula Carvalho, estreando, como foquista, com o pai, o grande fotógrafo Walter Carvalho. Os três, Selton, Lula e Leo, estão juntos em Feliz Natal, em exibição nos cinemas. Lavoura Arcaica é um programa para (re)descobrir.

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