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Na reta final, mostra não tem favoritos

O costume é contemplar filmes mais engajados, como London River e Storm

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Por Redação
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E o 59º Festival de Berlim termina hoje sem favoritos. Nos últimos dez dias, a competição apresentou uma série um tanto pulverizada de bons filmes, mas nenhum tão forte que valesse jogar todas as fichas como aposta para o júri presidido pela atriz Tilda Swinton. Tatarak, de Andrzej Wajda, seria uma boa escolha, como Forever Enthralled, de Chen Kaige, mas ambos não se encaixam bem no perfil de filme mais político que a seleção da Berlinale costuma contemplar. Neste sentido, London River, do franco-argelino Rachid Bouchareb, parece ser o filme com melhores chances de vitória, mas o iraniano About Elly, de Ashgar Farhadi, e o alemão Storm, de Hans-Christian Schmid, são possibilidades a considerar, especialmente o primeiro. E não se pode esquecer de Chéri, o novo Stephen Frears, adaptado do livro de Colette, nem do uruguaio Gigante, de Adrián Biniez, que teve boas críticas. Qualquer outra escolha que não passe por essas possibilidades será, no mínimo, surpreendente. Para encerrar a participação brasileira, José Padilha não parou de dar entrevistas desde a exibição de Garapa no Panorama Dokumenta. O vencedor do Urso de Ouro do ano passado trouxe à Berlinale um filme duro sobre a fome no mundo. Padilha dirige sua câmera para três famílias no interior do Ceará, mas a realidade que enfoca, ele não se cansa de dizer, não é uma exclusividade brasileira. Segundo dados da ONU, um em cada 6,5 habitantes do mundo é desnutrido ou malnutrido, com dietas que não suprem as necessidades humanas por vitaminas e nutrientes. Padilha tem criticado duramente a falta de uma cúpula para discutir a fome. "Os governos fazem cúpulas para salvar os bancos, o que é compreensível e eu não condeno. Mas existem mais investimentos em armas do que em programas para combater a fome, e isso é grave. O problema é político. Falta vontade política dos donos do mundo para resolvê-lo."

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