PUBLICIDADE

Ná Ozzetti encarna Carmen com personalidade

Cantora está de volta ao Teatro Fecap para mais uma temporada do bem-sucedido Balangandãs

Por Crítica Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Sempre que um intérprete decide fazer tributo a outro, há o risco de cair no pastiche, deturpando o original, ou de apenas usufruir da fama alheia, sem muito a acrescentar. Ao prestar homenagem a Carmen Miranda no bem-sucedido show Balangandãs, que está de volta ao Teatro Fecap, Ná Ozzetti não incorre em nenhum desses erros. O espírito brejeiro de Carmen está ali em cada canção do roteiro impecável, mas a personalidade de Ná prevalece. Até porque sua atitude contida é o oposto da exuberância cênica de Carmen. Há referências sutis na interpretação e nas pulseiras que Ná exibe sobre figurino sóbrio, preto. Os excelentes músicos que a acompanham - Dante Ozzetti (violão), Mário Manga (guitarra, violão e violoncelo), Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo acústico) e Sérgio Reze (bateria e percussão) - até brincam de ser o Bando da Lua, que fez carreira ao lado de Carmen. Os arranjos de Manga, com citações inteligentes de temas pop, dão roupagem sofisticada e moderna às canções, sem distorcer a matriz. É como Carmen soaria hoje. Ná pinçou clássicos dos compositores mais significativos dos anos 30 e 40, como Ary Barroso, Assis Valente, Dorival Caymmi, Luiz Peixoto, Vicente Paiva, Braguinha e Alberto Ribeiro. A cada número ela explora nuances vocais que encantam o espectador, seja na densidade da homenagem a Caymmi em A Preta do Acarajé ou no já conhecido "dueto" de Boneca de Pixe (Sinval Silva), em que interpreta a personagem feminina e a masculina, fazendo pândego malabarismo vocal. É um dos melhores shows do ano. Merece o sucesso de público que vem fazendo. Serviço Ná Ozzetti, Teatro Fecap (400 lug.). Av. Liberdade, 532, 3188-4149. 5.ª a sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 30. Até 14/12

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.