''Mozart coloca à prova as habilidades do cantor''

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Por João Luiz Sampaio
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Juliane Banse: soprano alemã Como é unir em um mesmo programa obras de Mozart e Ravel? É um tanto complicado, pois são dois universos muito diferentes e contrastantes. Mozart é parte importante do meu repertório, escreve de maneira muito especial para a voz. A música é frágil, clara, e coloca à prova as habilidades do cantor. Já Ravel trata a voz mais como um instrumento. A peça tem linhas longas e maravilhosas e, em certos momentos, é como se a voz soasse como uma flauta. Quando o maestro Neschling sugeriu a união dessas peças, fiquei um pouco receosa. Mas agora acho que foi realmente uma boa ideia programá-las juntas. O maestro Tortelier fala da claridade da escrita como ponto em comum entre os dois compositores. Como vê essa percepção? Concordo completamente com ele. Apesar das escritas serem muito diferentes, afinal são autores de épocas distintas, a clareza nas articulações, assim como a maneira como a orquestra, nos dois casos, trabalha na construção do todo é um elemento comum a eles. Como achar o equilíbrio tão importante entre texto e música? Começando pela maneira como o compositor escolheu combinar esses elementos. Ele parte do texto para criar sua música. Como cantora, não devo interpretar a poesia mas, sim, a interpretação que o compositor deu a ela.

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