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Mostra traz filmes que merecem mais uma chance de exibição

Cinemateca começa hoje a exibir obras ignoradas pelo público e pela crítica

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Num mercado polarizado pelos grandes lançamentos de Hollywood - filmes que muitas vezes estréiam com mais de 700 cópias, como ocorreu com Harry Potter e a Ordem da Fênix -, existem obras muito interessantes que passam rapidamente pelas salas, não obtendo o reconhecimento, nem do público nem da crítica, à altura de suas qualidades. A sala Cinemateca preenche esta lacuna, a partir de hoje, com um ciclo chamado sugestivamente de Mais Uma Chance. Como o próprio título indica, o evento oferece a chance para que o público (re)veja filmes que foram praticamente ignorados no mercado. Curiosamente, um desses filmes é o coreano O Hospedeiro, de Bong Joon-ho, que foi o maior sucesso de público da história do cinema no País, mas não obteve tanta repercussão em São Paulo, e olhem que há aqui um público jovem que adora a estética violenta dos realizadores da Coréia. A história trata desse monstro que irrompe das águas poluídas do rio que banha a capital coreana. Quando ele leva sua filha, um pai desesperado vai fazer de tudo para resgatar a menina. No processo, a família disfuncional vai se unir para ajudá-lo. Outros sete filmes completam a programação, toda ela voltada para a produção estrangeira. Haveria muitos mais, se o cinema brasileiro tivesse sido integrado ao grupo. Dois são produções da França. Amor em 5 Tempos, de François Ozon, conta cinco momentos cruciais da vida de um casal em crise. A originalidade da proposta do diretor é que ele conta sua história de trás para a frente. Você É tão Bonito, de Isabelle Mergault, mostra Michel Blanc como fazendeiro viúvo que se casa com mulher da Romênia. Ela parece mais interessada em fugir do seu país do que em ser uma boa esposa. Parece - o filme narra uma história de descobertas mútuas. Confidencial, de Doug McGrath, conta de outro jeito a mesma história de Capote - a de como o escritor Truman Capote escreveu sua obra-prima de não ficção, A Sangue-Frio, sobre dois rapazes que cometeram um crime no interior dos EUA e foram condenados à morte. Daniel Craigh, o 007 de Cassino Royale, divide a cena com Sandra Bullock. Conversando com Deus, de Stephen Simon, com Henry Czerny, também tem o pé na biografia, contando a história do escritor espiritualista Neale Donald Walsch. Dias Selvagens é um filme do começo da carreira de Wong Kar-wai, que virou cult, depois, com filmes como Felizes Juntos, Amor à Flor da Pele e 2046. Ambientado nos anos 60, conta a história de duas mulheres que disputam o mesmo homem. Kar-wai ainda não havia alcançado o apogeu de sua arte, mas a sedução pelas belas mulheres já é presente em cada plano. Em Segredo, da bósnia Jasmilla Zbanic, retrata o horror contra as mulheres - durante a Guerra da Bósnia, muitas (as estatísticas não dizem quantas) foram estupradas e tiveram filhos. O filme conta a história de uma dessas mães e de sua relação complicada com a filha. A Grande Final, de Gerardo Olivares, trata de três grupos distintos de pessoas que, em pontos remotos do planeta, reúnem-se para assistir à final da Copa de 2002, entre Brasil e Alemanha.

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