O nome do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) normalmente é associado a um dos mais trágicos fatos ocorridos durante a ditadura militar: preso sob a acusação de ter ligação com o Partido Comunista, ele foi encontrado morto em sua cela, por enforcamento. A alegação foi suicídio, mas, três anos depois, o governo federal foi responsabilizado pela sua morte.
À época, Herzog trabalhava na TV Cultura e desenvolvia uma produção cinematográfica com narrativa documental e preocupações sociais. É justamente essa faceta que inspira a 46.ª mostra da série Ocupação, realizada em parceria entre os institutos Vladimir Herzog e Itaú Cultural, que abriga a exposição em seu piso térreo.
A mostra traz fotografias cujos enquadramentos revelam o olhar particular de Vlado (como era conhecido) para objetos, pessoas e lugares. E também uma peça de teatro em áudio em que ele é um dos atores, assim como cartas e reproduções das matérias publicadas por ele no Estado, no final da década de 1950. Na época em que foi morto, Vlado trabalhava na pesquisa e elaboração do roteiro de um filme sobre Canudos e Antônio Conselheiro - seu único documentário, Marimbás, sobre um grupo de pescadores, foi rodado em 1960.
A pedido da família, não está presente a famosa foto do suicídio forjado do jornalista - havia o temor de que se acreditasse que Vlado teria realmente se matado. Para comprovar a farsa, estão presentes as duas certidões de óbito: a falsa e a de 2013, considerada verdadeira. E fotos da missa na Catedral da Sé em homenagem a Herzog em 2005, quando se completaram 30 anos de sua morte.
OCUPAÇÃO VLADIMIR HERZOG Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. Tel.: 2168-1777. 3ª a 6ª, 9h/20h. Sáb. e dom., 11h/20h. Abertura 14/8. Até 20/10