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Mostra de Toronto confirma prestígio de documentários

Terceira edição do Brafft, no Canadá, premiou Simonai como melhor longa

Por Elaine Guerini e TORONTO
Atualização:

Micael Langer só confessou o nervosismo ao projetar Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei no Canadá após levar o prêmio de melhor filme nesta 3ª edição do Festival de Cinema Brasileiro em Toronto (Brafft). "Por ser um filme muito brasileiro, não sabia como os canadenses receberiam a informação, por não terem as nossas referências", contou o diretor, que resgatou os altos e baixos na vida e na carreira do cantor Wilson Simonal em parceria com Calvito Leal e Cláudio Manoel. "Imaginava que o filme tivesse maior impacto em países da América do Sul, que também sofreram com a ditadura militar, não no Canadá, com histórico tão democrático." Este é o primeiro prêmio que o documentário recebe no exterior, após passar por mostras em Paris, Lisboa e Nova York.Embora em minoria, o gênero documental provou seu prestígio na entrega dos prêmios, anteontem à noite, no Lula Lounge. Loki - Arnaldo Baptista, história de superação do ex-integrante dos Mutantes, levou o prêmio de público na categoria longa. "Foi bom receber cumprimentos de uma senhora canadense de 70 anos, emocionada, após a sessão. Ela disse que dali já entraria na primeira loja de discos à procura de um CD dos Mutantes", contou o diretor Paulo Henrique Fontenelle.De Braços Abertos, de 52 min, que relembra o planejamento e a construção do monumento do Cristo Redentor, no Rio, deu à cineasta Bel Noronha duas estatuetas: de direção e prêmio de público na categoria de curta e média-metragem. "Nem só o espectador canadense se surpreende ao descobrir a real história do Cristo. No Brasil, muitos ainda pensam que a obra foi presente da França", diz Bel, bisneta do engenheiro Heitor da Silva Costa, que teria idealizado e executado a obra, hoje uma das maravilhas do mundo.O longa de ficção Se Nada Mais Der Certo, sobre trio que se une para aplicar um golpe, conquistou os prêmios de diretor (José Eduardo Belmonte), ator (Cauã Reymond) e atriz (Caroline Abras). Em curta e média, o júri elegeu Sildenafil como melhor filme, ator (Ricardo Petraglia) e atriz (Marília Medina). Sildenafil levou a plateia do Bloor às gargalhadas com a obsessão da esposa em dar Viagra ao marido, um sessentão desmotivado e paranoico. Edu Felistoque recebeu menção honrosa do júri pela trilha sonora de Inversão, único inédito no Brasil entre os longas selecionados. Da mostra paralela, Up To 3, voltada a filmes de animação com duração de até três minutos, venceu o divertido Bárbara, em que Maurício Lídio Bezerra simula o suicídio da boneca Barbie, ao completar 50 anos."O festival está crescendo, tivemos 208 filmes inscritos este ano, um recorde", disse a produtora executiva Bárbara de la Fuente (baseada do Canadá), que realiza o Brafft em parceria com Cecília Queiroz, a produtora no Brasil. Foram exibidos 13 filmes, de 4 a 8 de setembro, e os premiados receberam troféu criado pelo designer Nilson J. dos Santos, o Golden Maple, que funde o mapa do Brasil com a folha da árvore maple (bordo, em português), um dos símbolos do Canadá.

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