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Morre o artista indígena Jaider Esbell

Em plena ascensão, com participação na Bienal e compra de suas obras pelo Pompidou, ele tinha 41 anos

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Um dos artistas principais da arte indígena contemporânea no Brasil, ao lado de sua companheira Daiara Tukano, morreu neste domingo, 2, o pintor macuxi Jaider Esbell, aos 41 anos. A causa não foi revelada pela galeria que representa o artista, a Millan, nem pela família do pintor, mas o corpo será levado para Boa Vista após a autópsia – é provável que tenha sido suicídio, mas essa informação não foi confirmada. Segundo a marchande Socorro de Andrade Lima, da Millan, Esbell, que está representado na Bienal de São Paulo, foi igualmente reconhecido lá fora, a ponto de o Centre Pompidou adquirir duas obras suas na semana passada.

Daiara Tukano e Jaider Esbell na34ºBienal de SP. Foto: Denise Andrade/ESTAD?O

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A galerista destacou a capacidade de articulação de Esbell não só como artista, mas como aglutinador de criadores de várias etnias, alguns participantes da Bienal de São Paulo como ele. São cinco nomes brasileiros e quatro de povos originários de outros países que participam do evento. Defendendo a causa indígena tanto como a inserção de artistas indígenas no circuito, Esbell teve uma participação essencial no protagonismo desses artistas no mercado.

As obras (pinturas, esculturas) de Esbell podem ser vistas na mostra Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), como parte da Bienal de São Paulo.

Jaider Esbell morreu na terça-feira, 3 de novembro; a causa ainda não foi revelada Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

Emfevereiro deste ano ele apresentou, em sua individual na Galeria Millan, pinturas em que a figura central era o jenipapo, planta com papel essencial na cosmogonia makuxi, etnia da qual faz parte. Oartista nasceu em 1977, em Normandia, no estado de Roraima, na terra indígena Raposa Serra do Sol, e se mudou para Boa Vista aos 18 anos. Militante pela causa indígena desde então, ele via a arte com o um instrumento político em defesa dos primeiros habitantes do País.

Segundo a marchande Socorro de Andrade Lima, a Galeria Millan estava em negociações com o artista para o lançamento de um livro sobre a sua obra, possivelmente com prefácio de Ailton Krenak, mas a edição terá agora de ser negociada com sua família.

Pintura de uma onça pelo artista indígena Jaider Esbell Foto: Jaider Esbell
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