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Morre David Medalla, artista conhecido por esculturas de espuma

Escultor filipino era considerado um dos pioneiros da arte cinética e tinha Marcel Duchamp como fã

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Por Redação
Atualização:
Medalla com suas famosas esculturas de nuvens durante umaexibição do BDO Corporate Center, em Manila Foto: Reprodução/Facebook

Na última segunda-feira, 28, o artista filipino David Medalla morreu aos 82 anos. Adam Nankervis, marido e colaborador do artista, comunicou sua morte pelo Facebook. Apesar de não haver explicação sobre a causa da morte, Nankervis mencionou que Medalla já estava doente e faleceu enquanto dormia em Manila, capital das Filipinas.

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O artista ficou famoso pelas suas esculturas de espuma (Cloud Canyons), que são citadas como exemplos pioneiros da arte cinética. E assim conquistou fãs como Marcel Duchamp, que chegou a criar, em 1968, a Escultura Medallic como um tributo à Medalla e suas máquinas de bolhas.

Medalla que uma vez se descreveu como "poeta que celebra a física", nasceu em Manila, em 1938, e estudou drama grego antigo eliteratura moderna na Universidade de Columbia, em Nova York. Aos 20 e poucos anos, ele se mudou para Paris, onde conquistou fãs como o artista Marcel Duchamp e o filósofo Gaston Bachelard.

Sua carreira então floresceu em Londres, onde Medalla co-fundou a Signals Gallery junto com os artistas Gustav Metzger e Marcello Salvadori. A galeria, que apresentava arte cinética internacional, teve um enorme impacto na cena artística de vanguarda da cidade.

Durante a década de 1960, seus dois trabalhos mais famosos foram iniciados: Cloud Canyons A Stitch in Time. A primeira é a mais conhecida das suas obras, chamada por ele mesmo de "autocriadoras", em oposição às artes "autodestrutivas" do seu colega Metzger. 

A origem das esculturas de sabão, porém, reside em um trauma pessoal. Quando era uma criança vivendo nas Filipinas, ele testemunhou um soldado japonês matar um guerrilheiro. "A visão dele deitado lá morrendo, com bolhas de sangue vermelhas espumando de sua boca, fez uma forte impressão em mim", disse Medalla em uma entrevista para a revista Mousse, em 2011.

Para tirar a má impressão, Medalla passou a enumerar também outras associações menos perturbadoras: vistas vislumbradas durante um voo sobre o Grand Canyon, uma visita a uma fábrica de sabão na França e pontos turísticos vistos em uma cervejaria de Edimburgo.

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Legado

A arte de Medalla tornou-se um marco nos maiores festivais de arte do mundo. A Stitch in Time participou da famosa edição de 1972 de Harald Szeemann no Documenta (considerada uma das maiores e mais importantes exposições da arte internacional que ocorre a cada cinco anos em Kassel, Alemanha). 

O curador africano Okwui Enwezor incluiu o trabalho do filipino na edição de 1997 da Bienal de Joanesburgo, e sua arte também foi destaque na Bienal de Veneza de 2017, na Itália.

'Seu espírito transcendeu e comoveu tantos artistas', escreveu o marido, Adam Nankervis, em seu Facebook Foto: Reprodução/Facebook

Medalla também teve sua arte incluída no "Pós-Guerra", uma pesquisa histórica de arte após a Segunda Guerra Mundial organizada por Enwezor, Katy Siegel e Ulrich Wilmes para o Haus der Kunst (Casa das Artes) em Munique, em 2016.

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As exposições "Weiss auf Weiss" (1966), do curador Harald Szeemann e "Viva em Sua Cabeça: Quando as Atitudes Se Formam", do Kunsthalle Bern, também tiveram obras de David Medalla.

Medalla era membro do Artists for Democracy, um grupo voltado para ativistas formado em 1974, e em 2000 lançou a Bienal de Londres, uma exposição realizada na capital britânica que estava aberta a quem quisesse participar. "Seu espírito transcendeu e comoveu tantos artistas, amigos, estranhos e o público amoroso da arte ao longo do tempo e do espaço, inspirado por sua genialidade como artista, poeta, ativista, inteligência, filósofo e raconteur", escreveu Nankervis.

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