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MoMA abre alas para produção latina

Com retrospectiva, filmes, peças de design e publicação de livro, museu nova-iorquino dá especial destaque à arte brasileira

Por Tonica Chagas e NOVA YORK
Atualização:

Entre as exposições especiais que vai exibir este ano, o Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, sublinha seu empenho com a arte latino-americana apresentando, a partir de 5 de abril, a primeira grande retrospectiva realizada nos Estados Unidos sobre o trabalho da brasileira Mira Schendel (1919-1988) e do argentino León Ferrari. A produção artística brasileira também será destaque no MoMA este ano com uma linha de produtos de design que começa a ser vendida em maio na loja do museu, a sétima edição do festival de filmes Premiere Brazil, em julho, e a publicação de uma antologia do crítico de arte e historiador Mário Pedrosa. Com cerca de 150 mil peças individuais em seu acervo, o MoMA conta com aproximadamente 3.800 obras de latino-americanos. O museu vem colecionando trabalhos de artistas da América Latina, sistematicamente, desde os primeiros anos depois de sua fundação, segundo salientou seu diretor, Glenn Lowry, na terça-feira, numa reunião com a imprensa para anunciar a programação deste ano. Em 1931, a segunda individual exibida pelo MoMA, depois da de Matisse, foi dedicada ao mexicano Diego Rivera, lembrou Lowry. Reunindo perto de 200 obras, Tangled Alphabets: León Ferrari and Mira Schendel é a primeira retrospectiva paralela de dois artistas latinos produzida pelo museu. "Embora tenha a intenção de justapor os temas comuns na obra dos dois, a exposição é uma retrospectiva completa da carreira de cada um", afirma Luis Pérez-Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA e organizador da exposição. Trabalhando separadamente em países vizinhos, na segunda metade do século 20, Ferrari e Mira criaram obras que se baseiam fundamentalmente na linguagem. Tangled Alphabets vai traçar a evolução de ambos e suas práticas desde o fim da década de 50 até os últimos anos da de 80, no caso de Mira, e até 2007, no caso de Ferrari, que está com 88 anos de idade. DESIGN E CINEMA A partir de maio, como parte da série Destination: Design, que apresenta produção de designers de diferentes partes do mundo, as três lojas do MoMA em Nova York e as lojas online que o museu tem para os mercados americano, japonês e coreano vão oferecer uma coleção com mais de 70 produtos brasileiros. "O Brasil, hoje, é um centro florescente de design, com uma diversidade tremenda e inspiração única", elogia Kathy Thornton-Bias, gerente-geral de vendas a varejo do museu. Entre os objetos escolhidos para representar o design brasileiro estão cerâmicas geométricas de Kimi Nii, joias feitas por Mana Bernardes com plástico de garrafas reciclado, uma tigela de feltro inspirada em sushi criada pelos irmãos Campana, além de peças criadas pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e pela designer de moda Jussara Lee. Em julho, na sua tradicional parceria com o Festival do Rio, o MoMA vira o centro do cinema brasileiro em Nova York, com duas semanas de exibição de filmes nacionais recentes. A edição deste ano do Premiere Brazil vai apresentar uma retrospectiva do documentarista Eduardo Coutinho, abrindo com Jogo de Cena, lançado no ano passado. O festival deste ano faz homenagem a Villa-Lobos, com a apresentação de O Descobrimento do Brasil, dirigido em 1937 por Humberto Mauro e que tem trilha do compositor. A programação ainda inclui Cinema Falado, que Caetano Veloso fez em 1986. Numa série de projetos focalizando a América Latina, o museu deve publicar ainda este ano uma antologia com textos de Mário Pedrosa (1900-1981) traduzidos pela primeira vez para o inglês. Pedrosa, que é considerado o iniciador da crítica de arte moderna brasileira, cobriu os movimentos artísticos brasileiros mais importantes do século passado, desde as primeiras manifestações da arte moderna, e foi um dos principais incentivadores dos neoconcretos Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape. O livro está sendo editado pelo curador Paulo Herkenhoff e pela ex-embaixadora Vera Pedrosa, filha do crítico. Este ano ainda, expandindo seu engajamento com as artes visuais latino-americanas, o MoMA vai apresentar um festival de cinema ibero-americano, em novembro, e uma exposição focalizando 20 anos de carreira do multimídia mexicano Gabriel Orozco, que será aberta em dezembro. Essas iniciativas refletem a importância do público latino-americano para o museu nova-iorquino. Segundo Glenn Lowry, no ano passado o México ficou em oitavo lugar entre os países que mais mandam visitantes ao MoMA e o Brasil, em 12º. Em visitas ao website do museu, os brasileiros ficaram na quinta posição.

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