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Michael Bublé, o homem-gag, seduz e diverte

Público majoritariamente feminino vai à loucura com estripulias do canadense

Por Crítica Jotabê Medeiros
Atualização:

Michael Bublé seduz a filha, a mãe, a tia e, se bobear, seduz também a avó. Num show em que 80% a 90% da audiência é feminina (e reage ao seu ídolo de uma forma que talvez só Chico Buarque provoque), é preciso reconhecer que ele sabe como tratar seu eleitorado. O homem é um perigo. Entertainer de primeira, deixou-se beijar, apalpar, beliscar e fez o diabo no show do Via Funchal - visivelmente preocupado em apagar a má impressão do ingresso de até R$ 1 mil. O canadense é pontual. Abriu o show às 22h05, com I?m Your Man, de Leonard Cohen, num palco inclinado, quase uma ladeira de skate no qual ele deslizava para cima e para baixo, como um skatista de paletó e gravata. Após descer do palco e beijar fãs, posar para fotos de celulares e tomar um drinque no copo do marido calado, Bublé voltou ao microfone e disse: "Sou a Amy Winehouse do jazz", para depois cantarolar os versos de Rehab. Um piadista incorrigível, pontua o show com gags, muitas ensaiadas. "Obrigado a você aí pela bebida. Grato a você ali pelo abraço. E, ei você, eu sei que foi você que apertou minha bunda!", dizia, para estardalhaço da platéia embevecida. E mandou ver numa versão rebolativa de Fever. Antes de cantar Me and Mrs. Jones, fez longa digressão de como viu gente de nariz empinado na platéia, "fancy", e pediu: "Se tiverem vontade de dançar, dancem. Se quiserem cantar, cantem!". Depois de uma seqüência de músicas românticas, como Home (a música internacional mais executada nas rádios brasileiras em 2005) e Crazy Little Thing Called Love, ele pediu desculpas à parcela de namorados e maridos da platéia, que estavam ali obrigados, martirizados com aquele repertório de garotas. "Vou cantar para vocês agora uma canção de macho!", prometeu, e atacou uma versão cartunística de That?s Alright, Mama, sucesso de Elvis Presley. Na seqüência, desmontou a própria farsa com Y.M.C.A., do Village People, como caricatura gay. Tirando esse lado de entertainer, há que se dizer que Bublé tem também grande domínio técnico musical. Sua big band, que tem guitarra elétrica, piano, bateria e compacta sessão de metais (trombones, trompetes, saxofones), é afiada. Imprime sua marca em canções ultraconhecidas, como Feeling Good, que Nina Simone imortalizou. Pode-se não gostar dele, mas não se pode negar que Bublé é insidioso e habilidoso. M

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