Menino dá sossego para Ziraldo cuidar da sua Julieta

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Por Redação
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Ziraldo é um homem de contrastes, a começar por suas feições: a pele curtida tem a cor ressaltada pelos cabelos e grossas sobrancelhas brancos como a neve. Ele também não gosta de seguir padrões e, apesar de consagrado com o livro O Menino Maluquinho, que já soma mais de 90 edições e 2,5 milhões de exemplares vendidos, lança agora o que se pode chamar de a versão feminina de seu grande sucesso, Uma Menina Chamada Julieta (Melhoramentos)."Escrevi oito livros com "menino" no título porque conheço bem esse universo, minha memória da infância é boa e, como sei do que eles gostam de ler, as histórias acabam se tornando cúmplices deles", conta Ziraldo. "Até que um dia, durante uma palestra para alunos em Vitória, uma garotinha me questionou sobre isso."A curiosidade da menina se transformou em um projeto para Ziraldo que passou a pesquisar a vida e a obra do inglês Lewis Carroll (1832-1898), autor do clássico Alice no País das Maravilhas. "Ele conheceu uma menina que realmente se chamava Alice e, depois de muito observá-la (de uma forma que hoje até poderia ser considerado pedofilia), Carroll construiu um texto onírico e muito representativo da condição feminina da menina."Com os conceitos formulados na cabeça, Ziraldo primeiro escreveu Menina das Estrelas, publicado pela Melhoramentos em 2007, em que já retratava o universo feminino com sensibilidade. Até chegar a Uma Menina Chamada Julieta, em que busca um retrato das pequenas garotas do novo século, ou seja, ao mesmo tempo antenada nas modernidades mas sem se desgrudar das tradições - afinal, seu nome é o mesmo da avó e da avó da avó.Com Uma Menina Chamada Julieta, Ziraldo atinge a impressionante marca de 188 títulos publicados e com cerca de 8,5 milhões de exemplares vendidos desde 1980, quando acertou com a Melhoramentos. A lista vai engrossar com o lançamento de uma edição comemorativa de 40 anos de Flicts, outro de seus clássicos. "Dessa vez, o livro sairá como imaginei, ou seja, com a cores ocupando páginas duplas, o que dá sentido à história", conta. "Antes, tudo era reduzido para que se economizassem páginas."O escritor mineiro vai participar também do lançamento de Ziraldo em Cartaz (Editora Senac Rio), seleção de cerca de 300 cartazes, entre trabalhos para cinema, teatro, shows, publicidade e campanhas educacionais e políticas, organizada por Ricardo Leite. "Ali, a síntese era essencial".

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