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Megadeth, riffs de guitarra e política

Banda americana liderada pelo temperamental Dave Mustaine retorna dois anos após o último show com guitarrista novo

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

É só mais um show, diz o vocalista e dono do Megadeth, Dave Mustaine, com um mau humor de cão. Dá uma entrevista a contragosto, e é monossilábico e quase deselegante. Mas o rock''n''roll tem dessas coisas, e Mustaine e sua banda Megadeth são dos bons atos do rock pesado internacional. São sempre recomendáveis para quem gosta do gênero. Eles tocam esta noite no Credicard Hall, com grande afluxo de fãs (até ontem, tinham sido vendidos 4,5 mil ingressos dos 7 mil lugares da casa), dois anos após sua última apresentação na cidade, no mesmo lugar. Mustaine, ao telefone, estava intratável, e então soltou apenas alguns comentários guturais sobre colegas (''Korn? Não acho que seja metal. É hip-hop'') e o retorno do grupo ao Brasil. Falou que a banda está com um guitarrista novo, Chris Broderick (que já tocou com Nevermore e Jag Panzer), substituindo Glen Drover (que largou a banda em novembro; alguns dizem que por conta de uma briga com Mustaine, mas Dave diz que a mulher de Glen teve um filho e ele preferiu ficar em casa com o rebento). Broderick estreou no grupo no dia 4 de fevereiro, em show na Finlândia. Além de Mustaine e Chris Broderick, o Megadeth desembarca com o baterista Shawn Drover e o baixista James LoMenzo (ex-Black Label Society e White Lion). LoMenzo entrou para ficar por pouco tempo e acabou integrando definitivamente a banda, e participando da gravação do novo disco, United Abominations, lançado no ano passado. Já está há dois anos no grupo, que tem 25 de estrada. ''Tem sido um arraso. Eu comecei pensando que só ia fazer um disco com eles, e agora nós estamos excursionando e tem sido demais. Nós lançamos o novo disco e os fãs estão sendo super-receptivos. É como um renascimento para o Megadeth, e isso é fabuloso'', afirmou o baixista. United Abominations, como o trocadilho sugere, é um comentário político sobre a ação das Nações Unidas, que Mustaine considera ''pífia''. Não é a única música com endereço certo: Washington Is Next! é destinada aos homens que comandam a terra natal do cantor. Amerikastan, como o nome diz, faz referência à política de intervenções dos Estados Unidos no Oriente Médio. Animal político desde os primórdios de seu grupo, Dave Mustaine não faz, no entanto, um comentário definitivo sobre o atual momento eleitoral em seu país. ''O que sei é o que vejo na televisão. Não sei muito, não sei se estou preparado. Gosto de Obama, mas não me sinto à vontade para comentar'', disse. Para James LoMenzo, o rock do Megadeth perdura e segue adiante por um motivo muito simples: ele não se desvia de suas motivações originais. ''Se você me perguntar em que tipo de música as novas gerações devem focar, eu diria que elas devem olhar para trás. Elas devem ir atrás de bandas como Led Zeppelin. Caras como Jimi Hendrix. Entender de onde nós viemos, ouvir tudo aquilo; mesmo se não conseguir captar inicialmente, vai captar uma hora. Dêem tempo ao tempo. Ouçam e aprendam.'' O Megadeth vem de shows em Buenos Aires e Santiago. Em Buenos Aires, Chris Broderick tocou na guitarra o hino nacional argentino antes do início do show, causando uma catarse. Serviço Megadeth. Credicard Hall (7 mil lugs.). Avenida das Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, 6846-6010. Amanhã, 22 h. R$ 80 a R$ 200

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