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'Medidas da Incerteza' é o tema da 32.ª Bienal de São Paulo, em 2016

Curador alemão Jochen Volz apresentou seu projeto inicial para a mostra e parte da equipe que vai desenvolver sua proposta baseada em questionamentos sobre o presente

Por Camila Molina
Atualização:

"Medidas da Incerteza" é o título provisório da 32.ª Bienal de São Paulo, marcada para ocorrer em 2016. Na manhã desta quarta-feira, 4, o alemão Jochen Volz, curador responsável pela edição, apresentou para a imprensa as linhas iniciais de seu projeto para a exposição, ou melhor, o esboço temático que dará a base para desenvolver a mostra. Como lembrou o historiador de arte, vivemos já na época definida como a do "Antropoceno", no primeiro século em que se falou da possibilidade de as ações do próprio homem desencadear a extinção da espécie humana. Ideias em torno de desordem e equilíbrio, ecologia e medo, mudanças climáticas, inteligência coletiva, fantasmas, sinergia e subjetividade foram citadas como gatilhos para a concepção da mostra. O curador convidado elogiou o privilégio de ter quase dois anos para desenvolver seu projeto para a 32.ªBienal de São Paulo e anunciou, por ora, os cocuradores que já integram sua equipe, a brasileira Júlia Rebouças (sua colega no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, do qual Jochen Volz foi diretor artístico entre 2005 e 2012); a sul-africana Gabi Ngcobo; e o dinamarquês Lars Bang Larsen. "Outros serão confirmados ao longo do processo", afirmou o alemão. Com larga experiência no Brasil, Volz também foi um dos curadores da 27.ª Bienal de São Paulo, em 2006, que teve direção artística de Lisette Lagnado, e da 53.ª Bienal de Arte de Veneza, em 2009, ao lado de Daniel Birnbaum.

O curador alemão Jochen Volz Foto: Werther Santana/Estadão

Jochen Volz, atualmente, diretor de programação da Serpentine Galleries em Londres (com compromissos na instituição inglesa até junho, conta), concorda que o tema escolhido para a 32.ª Bienal seja muito amplo, mas rechaçou que trazer questões como a ameaça do fim do mundo para o conceito da mostra indique algum "ponto de vista negativo". "Apontar e aprender a lidar com a incerteza é mais interessante", disse. Sem citar artistas, afirmou que há no Brasil criadores que desde as décadas de 1950 e 60 trabalham na questão "da medida e do acaso" e que seu sonho é colocar nomes históricos na exposição. Na apresentação, ainda, o curador destacou algumas características que da edição, como a interdisciplinaridade e "a ênfase em trabalhos novos". "Muitos projetos serão executados nos local, alguns deles de forma coletiva", definiu no texto produzido para a apresentação. A realização de seminários públicos ao longo de 2016 para que se possa discutir "aspectos chaves do projeto global" - entre eles, por exemplo, arquitetura e urbanismo, experimentos radicais de educação, citou - e a vontade de "testar" obras online estão na proposta curatorial. Residências e bolsas no Brasil e no exterior para os participantes também foram citadas. O presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luis Terepins, afirmou que o orçamento da instituição para 2015 e 2016 será de R$ 34 milhões, calculando que R$ 29milhões serão destinados ao projeto da 32.ª edição. "Na reforma estatutária, pela primeira vez criamos um comitê de captação de recursos", disse na coletiva. Segundo o empresário, em seu segundo mandato à frente da instituição, o recente desligamento de Stela Barbieri da coordenação do educativo da Bienal (desde a 29.ª Bienal) foi uma escolha da própria artista e educadora. Sobre a exposição do Pavilhão Brasil na próxima Bienal de Veneza, em maio, produzida pela entidade, contou que o compromisso da Funarte para a representação nacional no evento é de R$ 600 mil. Para este ano, os curadores Luiz Camillo Osorio e Cauê Alves escolheram como representantes oficiais do País os artistas Antonio Manuel, Berna Reale e André Komatsu.

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