Mayall, o padrinho do blues britânico

Cantor e multiinstrumentista que deu emprego a Clapton, Mick Taylor e Mick Fleetwood toca no País com seus Bluesbreakers

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Por Jotabê Medeiros
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O cantor, compositor, guitarrista e multiinstrumentista inglês John Mayall chega ao Brasil no dia 15, a convite do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, para se apresentar com sua lendária banda Bluesbreakers. Para quem não conhece, só uma nota: ele empregou em sua banda, nos anos 60, alguns guitarristas emergentes bem talentosos, como um certo Eric Clapton (após este sair dos Yardbirds, em 1965), Mick Taylor (dos Rolling Stones), Peter Green e Mick Fleetwood (do Fleetwood Mac). Ouça a faixa Bad Dream Catcher Por conta disso, ele é conhecido no mundo todo como ''The Godfather of British Blues'' (O padrinho, ou o chefão, do blues britânico). Essa corrente foi a que deu ao mundo guitarristas como Jimmy Page, do Led Zeppelin, e influenciou grupos como The Animals, por exemplo. Mayall está com 74 anos, e chega a São Paulo a bordo de um novo disco, In the Palace of the King, em homenagem a um dos três Reis do blues, Freddie King (os outros, claro, são Albert King e B.B. King). O músico toca na próxima sexta-feira no Bourbon Street, às 22 horas (R$ 190) e no sábado no Via Funchal (preços entre R$ 60 e R$ 220). Estará acompanhado de Buddy Whittington (guitarra), Hank Van Sickle (baixo) e Joe Yuele (bateria). No dia 23 de maio, estará no Rio das Ostras. Mayall conversou brevemente com o Estado por telefone, na sexta-feira. Não é um homem de muitas palavras. Lembrou de seu último show no País, em 1996, mas disse que ''desta vez será diferente'', porque fará um mix de canções antigas com outras novíssimas, do disco mais recente, e também tocará uma ou outra composição inédita, que ele vai colocar no seu próximo trabalho. Sobre o tributo que fez a Freddie King, ele disse que é algo que tem a ver com os primórdios de sua banda, os Bluesbreakers. ''Quando começamos, tanto Peter (Green), Mick (Taylor) e Eric (Clapton) tinham grande admiração pela música de King, é um grande da tradição instrumental do blues. Então, nada mais natural do que celebrar sua música. Mas gosto muito também dos outros Kings, Albert e B.B.'', afirmou o guitarrista. John Mayall hoje tem uma idade equivalente à que tinham seus velhos ídolos do blues americano, os que o influenciaram, como John Lee Hooker. Mas não demonstra a menor intenção de se aposentar tão cedo. ''Fazer turnês é um jeito de se comunicar diretamente com o público, cara a cara. O diálogo é muito importante para um artista. Na estrada, as coisas mudam numa composição, no jeito de você tocar. A turnê possibilita uma abordagem mais fresca das canções'', ele disse. Muitos dos álbuns de Mayall foram feitos com convidados de peso. No disco Padlock on the Blues, ele teve o próprio John Lee Hooker tocando consigo. ''Eu e John Lee fomos amigos de 1964 até a data de sua morte. Tocar com ele sempre foi algo muito natural, tranqüilo'', afirmou. Uma coisa que o guitarrista não gosta muito é de sapatear sobre sua fama de ''padrinho do blues britânico'', apelido que carrega consigo desde os primórdios. ''Isso foi há tanto tempo que não penso muito sobre isso. É apenas algo que diziam no passado, não é coisa que me preocupe'', afirmou. Sobre os novos bluesmen, ele elogiou o trabalho de Jonny Lang e Keb'' Mo, e disse que todo bluesmen começa sempre muito jovem e que, portanto, ''isso é um bom sinal de que o blues tem um grande futuro''. Difícil achar um guitarrista de blues-rock da cena britânica que não tenha passado por um estúdio ou por um palco com John Mayall. A lista é enorme: John McVie, Jack Bruce, Aynsley Dunbar, Dick Heckstall-Smith, Andy Fraser (do grupo Free), John Almond e Jon Mark, entre outros.

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